Os dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) revelam um aumento significativo da inadimplência entre os brasileiros em setembro de 2023. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) indicou que 30,5% das famílias estão com contas em atraso, representando o maior percentual desde o início da série histórica, em 2010.
Além disso, 13% das famílias brasileiras relataram que não conseguirão pagar suas dívidas em atraso, apontando uma preocupação crescente com a saúde financeira das famílias, conforme a CNC, que considera esse cenário como um evidente sinal de fragilidade financeira.
A pesquisa também destacou que 79,2% das famílias enfrentam contas a vencer e que 18,8% dos consumidores têm mais da metade de sua renda comprometida com dívidas. O tempo médio de inadimplência é alarmante, com 48,7% das famílias em dívida há mais de 90 dias. Fábio Bentes, economista-chefe da CNC, enfatizou que essa situação reflete um agravamento nos prazos de inadimplência e o impacto dos juros sobre os valores devidos.
Embora o endividamento possa ser visto como um impulsionador das vendas no comércio, a aumento da inadimplência sugere uma desaceleração dessa dinâmica. A análise de renda revela que as famílias com renda mensal de até três salários mínimos apresentam uma proporção maior de endividados, subindo de 81,1% em agosto para 82% em setembro. Por outro lado, entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos, o indicador aumentou de 68,7% para 69,5% no mesmo período.
Adicionalmente, a CNC classifica dívidas que incluem contas de cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de veículos e imóveis. As estimativas da CNC projetam que o nível de endividamento pode crescer em 3,3 pontos percentuais até o final de 2023 em relação ao patamar encerrado em 2022, enquanto a inadimplência deve aumentar em 1,7 ponto percentual.