A guerra comercial iniciada pelas tarifas imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, às importações de aço está provocando um aumento considerável no volume de aço estrangeiro que chega ao Brasil. Essa situação gera preocupações significativas para a indústria siderúrgica nacional.
De acordo com o Instituto Aço Brasil, representante das siderúrgicas do país, as importações de aço laminado aumentaram 30% entre janeiro e agosto de 2023, em comparação com o mesmo período do ano anterior. A previsão é que este número alcance um crescimento de 32,2% até o fim de 2025.
No comunicado divulgado hoje, a entidade solicita proteção adicional para a produção nacional e menciona uma proposta recente da Comissão Europeia de dobrar as tarifas sobre as importações de aço para a União Europeia (UE), atingindo 50%, em alinhamento com as tarifas americanas, independentemente da origem dos produtos.
Impactos da Nova Tarifa Europeia
Essa nova tarifa será aplicada às importações de aço que superarem uma cota 45% inferior à atualmente estabelecida. O Instituto Aço Brasil sugere que o Brasil adote medidas semelhantes, pois esta ação pode resultar em um aumento do excedente global de aço, redirecionando o produto que normalmente se destina a mercados com tarifas elevadas, como os EUA e o Canadá.
A entidade ressalta a urgência de uma resposta do Brasil diante das propostas da UE, que considera um exemplo drástico da escalada nas reações contra produtos estrangeiros vendidos a preços injustos. Isso poderia intensificar o risco de desvios comerciais e o desequilíbrio do mercado internacional já saturado.
Apesar de não especificar as origens das importações, o aço proveniente da China é apontado como uma das maiores preocupações do setor siderúrgico no Brasil. O Instituto Aço Brasil adverte que, na ausência de defesas comerciais adequadas, o país pode se tornar um destino preferencial para o aço vendido a preços abaixo do custo, dificultando a competição com mercados que implementam defesas de forma mais eficaz.
Desafios do Protecionismo Europeu
A proposta de aumento das tarifas de importação de aço na Europa é considerada extremamente restritiva e sem precedentes na UE. Essa ação é uma resposta ao receio crescente de que indústrias tradicionais europeias, como a siderúrgica, estejam ameaçadas pelo excesso de produtos chineses subsidiados, os altos custos de energia e a queda da demanda interna.
Com as novas tarifas, a UE busca alinhar-se à taxa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre a maioria das importações de aço e alumínio. Ao mesmo tempo, o bloco está tentando convencer Washington a reduzir essa alíquota aplicada ao aço europeu, enquanto foca esforços conjuntos na contenção da China.
Até o momento, as negociações entre UE e EUA estão estagnadas desde a assinatura do acordo comercial em julho, que limitou as tarifas americanas a 15% sobre a maioria das exportações europeias, incluindo automóveis.