O grupo Jama’at Nusrat al-Islam wal-Muslimin (JNIM), que atua nas regiões do Saara e Sahel, tem mostrado um aumento em suas operações, expandindo suas atividades de ataques desde o Benin até a fronteira entre Níger e Argélia. O grupo busca estabelecer domínio em uma extensa faixa territorial que remete a antigos estados islâmicos da região.
Desde abril deste ano, JNIM intensificou seus ataques, com foco em áreas próximas à fronteira com a Nigéria, revelando um crescente desafio à segurança na costa da África Ocidental. Esse movimento já era visível há alguns anos, já que o grupo tem operado nas fronteiras de países como Senegal, Gana, Costa do Marfim, Togo e agora também no Benin. Um ataque significativo ocorreu em 27 de setembro no posto de fronteira Assamakka, no Níger, onde seis soldados nigerinos foram mortos e JNIM afirmou ter tomado controle do local. Até então, o posto de fronteira com a Argélia era considerado uma área tranquila desde o enfraquecimento da al-Qaeda no Magrebe Islâmico e a morte de seu líder em uma operação militar francesa.
O controle desse posto de fronteira, bem como as ações em várias localidades na costa da África Ocidental, indicam que JNIM tem a intenção de estabelecer uma presença mais robusta na região. O grupo também está reforçando sua influência em torno da capital maliana, Bamako, e uma possível sitiação à cidade pode estar em seus planos. Em 3 de outubro, o braço de comunicação do JNIM divulgou um vídeo em que combatentes aparecem em cima de corpos de soldados malianos após uma emboscada na estrada de Bamako para Ségou. Dias antes, outro vídeo mostrava os combatentes do grupo circulando por localidades em Ségou, demonstrando o acesso e a interação frequente com a comunidade local.
Uma das questões que se coloca sobre o futuro do JNIM é se o grupo pretende não apenas conquistar territórios, mas também governá-los. Até o momento, eles têm provocado a incapacidade dos governos regionais, especialmente em Mali, Burkina Faso e Níger, de administrar as áreas rurais, mas não parecem estar dispostos a assumir formalmente essa responsabilidade. Pode ser que JNIM avalie que não possui os recursos necessários para uma governança eficaz ou que esteja receoso de prejudicar sua imagem ao governar mal.
Outra questão importante é se JNIM considerará cercear capitais como Bamako ou Ouagadougou, semelhante ao que fez em cidades menores. Por ora, o grupo parece evitar invadir essas capitais, possivelmente por reconhecer que não possui efetivo ou recursos para controlar grandes populações, além de sua relutância em assumir a governança em áreas rurais.
Por fim, existe a dúvida se JNIM poderia adotar uma postura mais moderada, aceitando algum tipo de legitimidade internacional caso conseguisse capturar um estado, como ocorreu com grupos jihadistas alinhados à al-Qaeda na Síria ou com o Talibã no Afeganistão. Iyad ag Ghaly, o líder tuaregue do JNIM e ex-diplomata maliano, já manifestou admiração por esses grupos. No entanto, até o momento não há indícios de que JNIM pretenda abandonar o uso da violência ou se envolver de maneira mais moderada com a comunidade internacional.