A XP Investimentos realizou um encontro entre clientes institucionais e renomados economistas e gestores do mercado financeiro. Caio Megale, integrante da equipe de Economia da XP, recebeu o economista-chefe da Bradesco Asset Management, Marcelo Toledo. Durante a reunião, os especialistas discutiram o cenário macroeconômico atual, as projeções para a taxa Selic e as expectativas em relação ao início do ciclo de redução de juros.
Os economistas preveem que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve optar pela manutenção da Selic na próxima reunião, marcada para quarta-feira, 5 de setembro. Eles também esperam que a comunicação oficial mantenha um tom cauteloso, apesar da recente desaceleração na inflação, conforme indicado por dados divulgados.
A análise predominantemente compartilhada entre os especialistas sugere que o Copom não introduzirá alterações significativas na comunicação que acompanhará a decisão, reiterando que a taxa de juros deve permanecer elevada por um período prolongado.
Corte de Juros Previsto para Março
De acordo com os participantes do evento, o primeiro corte de juros pode ocorrer em março de 2026. Contudo, a possibilidade de uma redução em janeiro não está descartada, dependendo da continuidade da melhora nos índices inflacionários e de uma desaceleração no mercado de trabalho.
Para que o corte de março se concretize, o Banco Central precisa suavizar o tom em suas comunicações, eliminando a menção ao “período bastante prolongado” a partir de dezembro. Em janeiro, a expectativa é que o BC comece a sinalizar um viés de queda e inicie efetivamente o ciclo de flexibilização em março.
Megale destacou que, mesmo que o Banco Central considere uma redução dos juros já em janeiro, é mais plausível que mantenha uma postura conservadora na reunião de novembro, preservando a referência ao “período bastante prolongado” e ajustando o discurso em dezembro, se apropriado.
Para Toledo, o BC está atualmente em um cenário de espera. Ele enfatizou que, mais do que uma variação na taxa de câmbio, o início e a duração do novo ciclo de cortes na Selic dependerão dos dados da atividade econômica.
Além do possível corte em março, as projeções da XP indicam que o ciclo de flexibilização monetária poderá resultar em até seis cortes consecutivos de 0,50 pontos percentuais, com a Selic atingindo 12% ao ano. Em termos reais, a taxa se estabilizaria em 7,5%, acima do nível considerado neutro, que é de 5,5% por especialistas da instituição.
Riscos e Expectativas para 2026
No âmbito das discussões, também foram abordadas propostas de isenção do Imposto de Renda a partir de janeiro de 2026, a liberação de compulsórios da poupança e a destinação de R$ 40 bilhões para financiar o programa Reforma Casa Brasil.
Em sintonia com esses estímulos fiscais, analistas apontam que a economia brasileira deve permanecer aquecida no primeiro trimestre de 2026, o que pode resultar em cortes de juros mais modestos ou até mesmo adiados. Esses estímulos podem levar o Banco Central a reavaliar suas previsões sobre a ociosidade econômica, limitando, assim, a redução das projeções inflacionárias.
Referente à influência das eleições de 2026 na condução da política de juros, o relatório aponta que a política monetária deve permanecer relativamente inalterada nos primeiros movimentos do novo ciclo de cortes.



