O presidente afastado do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa, foi alvo de uma operação da Polícia Federal chamada Compliance Zero, em que é acusado de envolvimento em fraudes financeiras. O Banco Central (BC) já havia alertado Costa sobre irregularidades na transferência de R$ 12,2 bilhões para o Banco Master, mas ele continuou a injetar recursos na instituição, mesmo ciente de que os documentos apresentados eram falsificados. O dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, e outros seis suspeitos foram presos durante a operação.
As investigações demonstraram que o BRB realizou transferências financeiras mesmo após ter sido informado pelo BC sobre a rejeição da compra do Banco Master, cujo negócio havia sido analisado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), mas não autorizado pelo BC em setembro. Análises revelaram que o BRB fez repasses bilionários a Vorcaro, embora tivesse conhecimento de que os contratos utilizados para justificar essas operações eram falsificados.
No início da apuração, ficou claro que o esquema começou com duas associações de servidores na Bahia, relacionadas a Augusto Lima, ex-diretor do Banco Master, que também foi preso. Após a rejeição do BC, foi constatado que o Banco Master e o BRB compraram uma empresa fictícia, a SX 016, que teve o nome mudado para Tirreno. Essa mudança foi uma tentativa de fabricar documentos que justificassem os repasses.
Quando informado sobre as falsificações, Costa se mostrou surpreso e alegou ter tomado providências, como solicitar garantias e uma auditoria independente. Contudo, a arbitragem judicial indicou que o BRB só começou a exigir documentos adicionais após o alerta do Banco Central, o que gerou desconfiança sobre a conduta do banco ao longo da operação.
A continuidade das transferências, que se estenderam até outubro de 2023, foi considerada um indício de que o BRB estava tentando salvar o Banco Master diante de uma crise de liquidez. A PF apontou que, inicialmente, o BRB pretendia conceder empréstimos diretamente ao Banco Master, mas isso não foi permitido, levando à adoção de métodos fraudulentos.
Em comunicado publicado pelo BRB, o banco argumentou que apenas verificou inconsistências nas informações fornecidas pelo Banco Master após realizarem uma análise criteriosa. Entretanto, a versão do BRB contrasta com as evidências coletadas durante a investigação. A Justiça determinou que os bens de Costa, dos diretores do BRB e de outros envolvidos fossem bloqueados, e eles foram proibidos de deixar o país.
Entre os crimes atribuídos a Costa estão a gestão fraudulenta de instituição financeira e a formação ou participação em organização criminosa. Até o momento, ele não foi preso, mas seu afastamento do cargo foi decidido por 60 dias.
As investigações mostraram que ao menos 20 contratos falsos foram criados para justificar as transferências. Esses documentos foram autenticados em um único dia em um cartório de São Paulo, em resposta a uma auditoria do BC. Em uma proposta anterior, o BRB tinha se disposto a pagar R$ 2 bilhões por 58% do Banco Master, o que explicaria seu interesse em salvar a instituição que enfrentava riscos financeiros.
Além de Paulo Henrique Costa, o diretor do BRB e o superintendente de operações financeiras da instituição também foram envolvidos nas investigações, mas até agora não foram presos. A situação segue sendo investigada pelas autoridades competentes.



