Os Estados Unidos impuseram uma tarifa de 50% sobre produtos de café importados do Brasil, o que pode resultar em uma significativa diminuição da participação brasileira no maior mercado consumidor de café do mundo. Esse alerta foi emitido por Marcos Matos, diretor executivo do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), durante entrevista ao Broadcast nas Redes.
“Corremos o risco de perder acesso ao maior mercado global para concorrentes. Esse prejuízo seria imenso”, afirmou Matos. Outros países, como México, Honduras e Colômbia, já começaram a aumentar suas exportações de café para os Estados Unidos, respondendo à imposição da sobretaxa.
Desde julho, quando a tarifa entrou em vigor, os EUA deixaram de ser o principal destino do café brasileiro, caindo para a terceira posição em setembro, atrás da Alemanha. Segundo o Cecafé, a situação é alarmante e os impactos nas exportações são “incalculáveis”.
Os embarques de café para o mercado norte-americano foram reduzidos em 52,8% em setembro, com a exportação totalizando apenas 332.831 sacas. Em 2022, o Brasil exportou 8,1 milhões de sacas para os EUA, obtendo uma receita de US$ 2 bilhões, que representou 16% do total das exportações brasileiras.
A alta de 40% nos preços internacionais do café, combinada com a nova tarifa, torna inviável o embarque do produto. Atualmente, o Brasil representa 34% do consumo de café nos Estados Unidos, que possui 76% de sua população consumindo a bebida diariamente. “São dois países essenciais no comércio de café”, acrescentou Matos.
O setor exportador está pressionando para que o café seja incluído nas exceções da tarifa, com sinais de que este é o produto prioritário para potenciais novas isenções. A conversa inicial entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos EUA, Donald Trump, além da missão diplomática, pode facilitar um diálogo para reverter a situação.
Matos comentou que a suspensão geral da tarifa ou a ampliação da lista de exceções é uma possibilidade a ser considerada. A alta inflacionária do café nos EUA, a maior registrada no varejo desde 1997, e a escassez de estoque na indústria também aumentam a pressão sobre as autoridades americanas para garantir a isenção.
Paralelamente, o setor busca diversificar mercados. Matos destacou que manter os mercados consolidados, como os dos Estados Unidos e da Europa, enquanto se abrem novas oportunidades em países como China e Austrália, é crucial. No entanto, o cenário atual de alta tarifária e estoques baixos sugere que os preços do café continuarão elevados no mercado internacional pelo menos até o final deste ano.