A paralisia das atividades governamentais nos Estados Unidos, que já se estende por três semanas, e o aumento das tensões comerciais com a China criam um cenário global de incertezas. Essas questões, no entanto, não têm provocado mudanças significativas nos mercados financeiros, de acordo com análise da consultoria 4intelligence.
Apesar do impasse político interno e das disputas comerciais, os mercados norte-americanos demonstram resiliência, mantendo a estabilidade dos ativos locais. Contudo, a aversão global ao risco aumentou, contribuindo para uma recuperação do dólar frente a outras moedas, após uma forte desvalorização no primeiro semestre de 2023. Desde julho, a moeda norte-americana oscila sem alterações significativas em seu patamar, conforme indicam as previsões da consultoria.
No Brasil, o dólar registrou um aumento considerável na última semana, marcando a maior alta semanal de 2025. Essa valorização está atrelada, em parte, ao fortalecimento do dólar no mercado internacional, e reflete também preocupações com os riscos fiscais internos, especialmente após decisões legislativas recentes que adicionaram incertezas ao cenário econômico nacional.
De acordo com a 4intelligence, o calendário eleitoral brasileiro tende a intensificar a volatilidade do câmbio, devido ao maior ativismo dos governos federal e estaduais. Apesar desse panorama, a inflação atual e suas projeções apresentam uma trajetória mais favorável, embora ainda permaneçam acima do centro da meta estabelecida pelo Banco Central.
A desaceleração da atividade econômica e da inflação, junto à redução das expectativas inflacionárias, ainda não são suficientes para que o Comitê de Política Monetária (Copom) considere a redução da taxa básica de juros. Segundo as projeções da consultoria, a Selic deve começar a ser diminuída apenas a partir de março de 2026.
No cenário internacional, o fortalecimento do dólar também foi impulsionado por crises políticas e fiscais na França e no Japão, que resultaram na desvalorização do euro e do iene, respectivamente. Além disso, as expectativas sobre cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve se consolidam, mesmo com a paralisação das atividades federais nos EUA.
A consultoria acredita que a recente valorização do dólar não deve se intensificar, o que pode oferecer algum alívio às pressões sobre mercados e moedas emergentes. Assim, a volatilidade cambial deverá persistir, mas sem grandes mudanças no curto prazo.
Por fim, a 4intelligence projeta que o dólar alcance R$ 5,45 ao final de 2025 e R$ 5,60 ao final de 2026. Nesta quinta-feira, a moeda negociava em torno de R$ 5,45.