As ações da Eletrobras (ELET3; ELET6) registaram um aumento significativo nesta quarta-feira, 15, após a companhia anunciar a venda de sua participação minoritária na Eletronuclear por R$ 535 milhões. Os papéis ELET3 subiram 2,33%, atingindo R$ 53,05, enquanto ELET6 teve um avanço de 2,75%, fechando a R$ 56,05.
A negociação foi firmada com o grupo J&F, que agora terá a Âmbar Energia como proprietária de 68% do capital total e 35,3% do capital votante da Eletronuclear. Essa operação marca a entrada do conglomerado, liderado pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, no setor de geração nuclear. Para a Eletrobras, essa venda representa uma importante liberação de obrigações financeiras, alinhando-se à sua estratégia de desinvestimento no setor.
Com a transação, a J&F assumirá as garantias previamente oferecidas pela Eletrobras à Eletronuclear, além de se responsabilizar pela subscrição de debêntures prometidas em um acordo com o Governo Federal, que totalizam R$ 2,4 bilhões.
Segundo análise do Itaú BBA, essa venda representa um marco na redução de riscos da Eletrobras, citando três benefícios principais:
- Libertação da obrigação de subscrição das debêntures de R$ 2,4 bilhões;
- Desvinculação das garantias de R$ 6 bilhões em favor da Eletronuclear;
- Possibilidade de gerar um crédito tributário significativo após a conclusão da transação, estimando uma provisão de R$ 7 bilhões no terceiro trimestre de 2025.
O fechamento da transação ainda aguarda aprovações regulatórias, com expectativas de conclusão em 2026. O valor arrecadado deve contribuir para uma leve desalavancagem de cerca de 0,2 vez. Embora ainda seja cedo para definir a possibilidade de distribuição de dividendos extraordinários, a equipe de análise do Itaú BBA aponta um potencial dividend yield adicional de aproximadamente 0,4%.
A análise ainda destaca que a Eletrobras atingiu importantes metas de redução de risco nos últimos meses, dando um novo impulso à sua posição no setor. O Bradesco BBI considera que a transação mitiga o último grande risco associado à sua tese de investimento, valorizando mais a redução da taxa de desconto do que o preço de venda em si.
A Ativa Investimentos reforça que a ação está alinhada ao foco estratégico da Eletrobras em se tornar a maior empresa de energia elétrica renovável do Brasil após a privatização, o que reduz incertezas jurídicas e regulatórias ligadas à Eletronuclear.
Embora o valor contábil do investimento na Eletronuclear seja de R$ 7,8 bilhões, a Eletrobras deverá registrar uma provisão de cerca de R$ 7 bilhões no 3T25, resultando em um impacto contábil negativo pontual. A Eletrobras já demonstrou compromisso em desinvestir de termelétricas, integrando-se a uma estratégia focada em geração renovável e transmissão, abrindo caminho para novos investimentos que estejam mais alinhados com suas diretrizes e a satisfação de seus acionistas.