O ouro continua a se destacar como um dos ativos mais rentáveis de 2023. Na última quinta-feira, dia 16 de outubro, o preço do metal precioso atingiu a marca histórica de US$ 4.300 por onça, acumulando um aumento aproximado de 60% ao longo do ano. No entanto, com esses recordes consecutivos, especialistas no mercado se questionam sobre a continuidade dessa trajetória de alta.
Diversos fatores têm impulsionado o valor do ouro, que vai além da simples busca por proteção financeira. A instabilidade nas economias desenvolvidas, a expectativa de manutenção da política de cortes de juros pelo Federal Reserve dos EUA e as tensões entre Estados Unidos e China levaram investidores a procurar ativos considerados seguros, como o ouro, conforme análises de especialistas consultados pelo InfoMoney.
Historicamente, diferentes fases do ciclo de juros podem impactar o preço do ouro. Apesar de um aumento nas taxas de juros inicialmente parecer uma barreira, ele também pode intensificar a incerteza econômica, aumentando a demanda por reservas de valor. Conflitos, como a guerra na Ucrânia, aumentam a aversão ao risco, enquanto a desvalorização do dólar em relação a outras moedas torna o metal mais atraente para investidores internacionais, sustentando sua valorização.
De acordo com Felipe Sant’Anna, especialista em investimentos da Axia Investing, a alta do ouro é uma resposta clara à instabilidade geopolítica. Ele observa que, em momentos críticos como guerras ou crises financeiras, o valor do ouro tende a crescer. Para 2026, analistas como Ricardo Evangelista, da ActivTrades, afirmam que o ouro ainda pode alcançar até US$ 5.000, embora o ritmo de crescimento possa desacelerar.
A trajetória do ouro nos próximos anos dependerá, segundo especialistas, das políticas monetárias globais, da dinâmica da inflação e do interesse dos bancos centrais em acumular reservas em metais preciosos.
O cenário projetado por importantes instituições financeiras sugere um ano repleto de preços altos e alta volatilidade. Essa expectativa se baseia em possíveis mudanças nas políticas monetárias, especialmente nos EUA, onde o Federal Reserve pode ajustar suas taxas de juros de acordo com a inflação. Se os juros reais permanecerem baixos, o ouro tende a continuar valorizado.
Os fundos negociados em bolsa (ETFs) desempenham um papel significativo nessa valorização. A crescente demanda por esses fundos e a compra de ouro pelos bancos centrais foram fundamentais para a recente alta nos preços.
Fatores que podem influenciar o preço do ouro incluem:
- Política monetária dos bancos centrais, especialmente o Federal Reserve.
- Comportamento do dólar americano em relação a outras moedas.
- Fluxos dos ETFs e ações de compra dos bancos centrais, como o Banco Popular da China.
Por outro lado, uma postura mais agressiva em relação à taxa de juros pode resultar em uma valorização do dólar e em uma diminuição da busca por ativos de proteção, como o ouro. Assim, investimentos em ouro demandam cautela e análise cuidadosa, especialmente considerando as máximas atuais.
Welinton dos Santos, conselheiro do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo (Corecon-SP), sugere que investidores avaliem suas posições com atenção, considerando a possibilidade de realizar lucros ou manter suas investigações com base na volatilidade global. Para aqueles que desejam investir, opções como o ETF GOLD11, disponível na B3, se mostram práticas, pois replicam o desempenho do fundo internacional iShares Gold Trust (IAU).
Além disso, estão disponíveis opções como BDRs (Brazilian Depositary Receipts) de ETFs estrangeiros, contratos futuros de ouro e ações de mineradoras, que podem oferecer maior volatilidade. O ouro físico, adquirido por meio de distribuidores especializados, é uma alternativa para quem prefere manter o ativo em mãos, apesar de custos relacionados a custódia e seguro.