A recente queda dos preços do barril de petróleo levou a um alerta sobre o impacto nas finanças do Brasil, conforme análise de Caio Megale, economista-chefe da XP. Em sua participação no podcast Outliers InfoMoney, Megale discorreu sobre como a desvalorização do petróleo afeta as receitas da Petrobras (PETR3; PETR4), na forma de royalties e impostos, além de influenciar o consumo e a inflação em nível global.
Atualmente, o preço do barril se aproxima de 65 dólares, um valor consideravelmente inferior ao pico de 130 dólares observado durante o auge do conflito na Ucrânia. Megale alertou que essa queda pode resultar em deficit nas contas externas do Brasil e uma diminuição na arrecadação governamental.
Embora a redução do preço do petróleo possa trazer benefícios, como a melhora na inflação e uma diminuição nos custos de produção, o economista destacou que também representa uma pressão sobre a execução orçamentária do próximo ano.
Megale ressaltou que o Brasil, especialmente após as descobertas do pré-sal, se firmou como um ator significativo no mercado global de petróleo. Ele discutiu também os desdobramentos geopolíticos recentes, incluindo a trégua entre Israel e Hamas e a reaproximação entre Estados Unidos e China.
“O principal impacto direto é nos preços das commodities. A queda do preço do petróleo é boa para o mundo, mas gera alerta para países produtores como o Brasil.”
Durante o podcast, que contou com a moderação de Clara Sodré e Fabiano Cintra, Megale discutiu ainda a recente elevação das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos chineses, que aumentaram de uma média de 2% para praticamente 10%. Ele mencionou que, apesar do barulho gerado por essas tarifas, o impacto macroeconômico é limitado, principalmente devido à queda nas importações chinesas.
“Internamente, os EUA ainda se beneficiam de importações de insumos baratos, então o impacto real na produtividade é limitado.”
Megale ainda alertou que a pressão de governos populistas sobre os bancos centrais é um risco mais significativo do que as tarifas. Ele enfatizou a importância da independência dos bancos centrais, afirmando que qualquer impulso para cortes de juros devido a políticas populistas pode criar instabilidade no cenário global.
Por fim, o economista observou que cortes de juros pelo Federal Reserve, em resposta à desaceleração na criação de empregos, são uma tentativa de evitar uma recessão, mas destacou a necessidade de um monitoramento ativo nas mudanças estruturais do mercado de trabalho e nas políticas de imigração.