Neste domingo, 14 de outubro, o ex-deputado de ultradireita José Antonio Kast foi eleito presidente do Chile, derrotando a candidata governista Jeannette Jara. Ele assume o cargo no próximo ano, após confirmar sua vitória nas urnas, que mostraram que Kast recebeu 58,1% dos votos válidos, enquanto Jara obteve 41,8%. A participação dos eleitores foi alta, com cerca de 85% do total de pessoas aptas a votar.
Kast, de 59 anos, é o presidente mais à direita do Chile desde a ditadura de Augusto Pinochet, que durou de 1973 a 1990. Essa é a terceira vez que ele concorria à presidência. Durante a campanha, Kast focou em temas como a ordem pública e a imigração irregular, questões que foram decisivas para sua vitória. O Chile, apesar de ter uma das menores taxas de homicídio da região, lida com um crescente temor em relação à criminalidade.
Ambos os candidatos prometeram medidas para proteger a fronteira norte e controlar a imigração, especialmente de venezuelanos. No entanto, Kast apresentou propostas mais rigorosas, como expulsões em massa de imigrantes e restrições ao acesso a serviços básicos para aqueles que estão no país de forma irregular. Em comparação com suas campanhas anteriores, desta vez ele moderou seu discurso, evitando temas relacionados aos direitos humanos e à sua posição sobre a ditadura de Pinochet, e se comprometeu a formar um “governo de emergência” para tratar da segurança pública.
A eleição de Kast também marca um novo ciclo para o país, que iniciou com os protestos de 2019 e a vitória do esquerdista Gabriel Boric há quatro anos, que buscava reformar a Constituição chilena. Embora Kast tenha se mostrado apoiador de questões defendidas por Pinochet, ele decidiu não enfatizar esse aspecto em sua campanha, concentrando-se em criticar a administração de Boric e de Jara em relação à segurança pública.
Após a vitória, Kast fez seu primeiro discurso como presidente eleito para uma multidão, celebrando o que chamou de “dia da alegria” e ressaltando que sua vitória representa a população chilena que deseja estabilidade e tranquilidade. Ele também agradeceu a sua família, especialmente à sua esposa, aos derrotados do primeiro turno e fez um apelo à unidade, pedindo respeito à candidata Jara.
Jeannette Jara reconheceu a democracia ao parabenizar Kast e afirmou que continuará lutando por mais oportunidades e segurança para todos os chilenos. O atual presidente Gabriel Boric também entrou em contato com Kast, oferecendo sua colaboração para o desenvolvimento do país e convidando-o para uma reunião no Palácio de La Moneda.
Kast manifestou o desejo de que a transição de governo seja respeitosa e destacou sua vontade de ouvir a perspectiva de Boric. A votação ocorreu de forma tranquila, apesar do clima frio e chuvoso em várias regiões.
Durante a campanha, Kast fez referências ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sem, no entanto, copiar suas práticas anti-imigração. Ele também procurou manter boas relações com outros países da América Latina, como Argentina, Bolívia e Peru, recebendo inclusive mensagens de apoio de líderes da região.
O presidente eleito e o atual presidente brasileiro, Lula, trocaram felicitações e reafirmaram o compromisso de fortalecer as relações bilaterais entre Brasil e Chile.
Com uma base legislativa que não possui forças majoritárias, o novo presidente terá desafios pela frente, tendo que negociar e formar alianças tanto na Câmara quanto no Senado, onde a direita e ultradireita estão próximas de alcançar a maioria das cadeiras, mas sem garantir um controle absoluto.



