Os principais líderes da China se reúnem em Pequim esta semana para definir as metas e aspirações do país para os próximos anos. O Comitê Central do Partido Comunista Chinês, a cúpula política mais alta do país, realiza reuniões anuais, conhecidas como Plenário, onde aborda questões centrais para o futuro da nação.
Durante essa reunião, os participantes discutirão os pontos principais que formarão a base do próximo Plano Quinquenal da China, que estabelecerá diretrizes econômicas e sociais de 2026 a 2030. Embora o plano completo só seja divulgado no ano que vem, os oficiais devem dar pistas sobre seus conteúdos já nesta quarta-feira, como tem sido habitual após essas reuniões.
Os Planos Quinquenais da China delineiam os objetivos que o país deseja alcançar, sinalizando a direção que a liderança quer tomar e direcionando os recursos do estado para as metas estabelecidas. A história demonstra que as decisões tomadas nesses encontros podem ter impacto significativo no cenário global.
Ao longo das décadas, alguns dos Planos Quinquenais mudaram a economia mundial. Por exemplo, entre 1981 e 1984, sob a liderança de Deng Xiaoping, a China iniciou o processo de “Reforma e Abertura”. Até aquele momento, a economia chinesa era rigidamente controlada pelo governo e a pobreza ainda era intensa, resultado de décadas de planejamento centralizado que falhou em promover a prosperidade. A mudança de direção de Deng, que propôs a introdução de elementos de mercado, levou à criação de Zonas Econômicas Especiais. Essa nova abordagem atraiu investimento estrangeiro e transformou a vida da população.
No período de 2011 a 2015, o país focou no desenvolvimento de “indústrias emergentes estratégicas”. Após sua adesão à Organização Mundial do Comércio em 2001, a China se preparou para evitar a armadilha da renda média, onde um país perde sua vantagem competitiva em mão de obra barata, mas ainda não possui capacidade inovadora suficiente para criar produtos de alta tecnologia. Assim, buscou desenvolver setores como tecnologia verde, incluindo veículos elétricos e painéis solares.
Atualmente, a China lidera o mercado mundial em energias renováveis e veículos elétricos, além de ter um controle significativo sobre as cadeias de suprimento de terras raras, essenciais para a fabricação desses produtos e para indústrias como a de chips e inteligência artificial. Essa posição de destaque deu ao país grande poderio econômico e influência geopolitica.
O atual Plano Quinquenal, que abrange 2021 a 2025, destaca o conceito de “desenvolvimento de alta qualidade”, introduzido por Xi Jinping em 2017, com o objetivo de contestar a dominância americana na tecnologia. Exemplos de sucesso dentro da China, como o aplicativo de compartilhamento de vídeos TikTok e a gigante das telecomunicações Huawei, evidenciam o crescimento do setor tecnológico chinês neste século.
Entretanto, essa ascensão não vem sem resistência: países ocidentais têm considerado esses avanços como ameaças à sua segurança nacional. Isso resultou em ações como banimentos e restrições a tecnologias chinesas, gerando tensões diplomáticas.
Com as novas políticas implementadas em resposta ao bloqueio de tecnologia americana, o foco em “desenvolvimento de qualidade nova” deve priorizar a autossuficiência e inovação no setor tecnológico, afastando-se da dependência externa. A missão de garantir segurança nacional e independência tecnológica agora se torna central na política econômica da China, refletindo um projeto nacionalista que busca assegurar que o país nunca mais fique subordinado a nações estrangeiras.