Vince Gilligan, reconhecido por criar séries de sucesso como “Breaking Bad”, decidiu mudar sua abordagem nas tramas que apresenta. Cansado de escrever apenas sobre vilões, ele agora traz heróis para a tela, especialmente em sua nova obra chamada “Pluribus”. A série, que estreia nesta sexta-feira, 7 de outubro, no Apple TV+, tem uma protagonista que carrega a responsabilidade de salvar a humanidade em meio a uma crise global.
Gilligan fala de sua nova personagem, Carol Sturka, uma escritora que se especializa em livros de fantasia medieval. Apesar de seu talento, ela acredita que suas obras são irrelevantes e tem dificuldades com o reconhecimento de seus leitores. Sua grande obra, um romance autoral, ainda está em esboço e não tem previsão de lançamento.
Em um contexto intrigante, “Pluribus” apresenta uma descoberta científica que transforma as relações humanas. O termo “Pluribus” significa “de muitos” em latim, e na série, pessoas de diferentes partes do mundo começam a se comportar como uma única entidade. Elas se reúnem em um grupo chamado de “Outros”, onde compartilham pensamentos e visam agradar aqueles que não conseguiram se integrar ao grupo. Essa nova ordem traz aparente harmonia e paz, mas nem todos ficam felizes com a situação.
A atriz Rhea Seehorn, que interpreta Carol, destaca que a personagem, embora uma heroína, enfrenta suas próprias inseguranças e questionamentos. Ela aponta que Carol muitas vezes critica seus fãs, refletindo uma luta interna e uma constante autocrítica. Essa humanidade na personagem está em evidência, especialmente em cenas onde ela se esforça para se levantar do chão, mostrando a fragilidade e a busca por identificação.
Contudo, a luta de Carol não é simples. Sua raiva e suas ações extremas acabam colocando os seres humanos em risco, causando consequências trágicas. Ao longo da história, ela se torna um agente de caos, o que levanta questões sobre o que realmente significa ser humano e a busca por felicidade em um mundo que, às vezes, parece homogêneo.
Gilligan, conhecido por trabalhos anteriores que exploram a complexidade moral, como “Breaking Bad”, refletiu sobre a ambiguidade e a moralidade de seus personagens. Em sua trajetória, ele criou Walter White, um professor de química que, após um diagnóstico de câncer, decide fabricar metanfetaminas para garantir o futuro de sua família. Esta série, lançada em 2008, se destacou por seu enredo envolvente e pela profundidade de seus personagens, sendo até hoje considerada uma das melhores séries da televisão americana.
“Pluribus” se destoa do crime e da construção de vilões, propondo uma reflexão sobre os verdadeiros desafios da humanidade e a individualidade em meio à conformidade. Gilligan transcende a simples narrativa de heróis e vilões, convidando os espectadores a interpretar as nuances das emoções humanas.
A série também enfrenta o contexto atual da indústria do entretenimento, que frequentemente evita ambiguidade e profundidade em favor de características morais claras. Isso se torna ainda mais relevante à luz do cenário político e cultural contemporâneo, onde a criatividade parece estar sendo restringida.
Por fim, Gilligan, mesmo em meio a essa nova criação, mantém o foco na necessidade de se criar novos tipos de heróis. Ele reconhece as dificuldades enfrentadas por personagens femininas, como a esposa de Walter White, e continua a abordar questões de amor e respeito, tanto na ficção quanto na vida real. Assim, “Pluribus” se apresenta não só como uma nova série, mas como uma reflexão sobre nossa sociedade e as complexidades das relações humanas.



