Na noite de quarta-feira, o exército israelense interceptou e abordou várias embarcações da Flotilha Global Sumud que se dirigiam a Gaza. Organizações envolvidas na missão afirmaram que continuarão seus esforços apesar da abordagem militar.
De acordo com a Global Sumud Flotilla (GSF), embarcações como Alma, Sirius e Adara foram “ilegalmente interceptadas e abordadas pelas Forças de Ocupação de Israel em águas internacionais”. A GSF, que busca levar ajuda humanitária a Gaza através de navios que partiram de portos no Mediterrâneo, informou que a comunicação com várias outras embarcações foi perdida após a interceptação. Os organizadores da flotilha estão se esforçando para garantir a segurança de todos os participantes e da tripulação.
Apesar da abordagem a algumas embarcações, a GSF declarou que outras continuam a 70 milhas náuticas da costa de Gaza e que não serão intimidadas. A GSF relatou que as Forças de Israel estão usando “agressão ativa” contra algumas das embarcações, incluindo episódios em que um barco foi “intencionalmente abalroado no mar” e outros foram atacados com canhões d’água. Um vídeo divulgado por membros da flotilha supostamente mostra uma dessas situações, embora a veracidade do material não tenha sido confirmada de forma independente.
O ministério das Relações Exteriores de Israel confirmou que várias embarcações foram “paradas com segurança” e que os passageiros estão sendo “transferidos para um porto israelense”. Entre os envolvidos está a ativista sueca Greta Thunberg, que foi mencionada em um post nas redes sociais. O embaixador de Israel na ONU afirmou que aqueles que tentaram entrar no território israelense ilegalmente seriam deportados imediatamente após o feriado judaico de Yom Kipur.
A abordagem provocou reações negativas em todo o mundo. Na Itália, manifestantes se reuniram em várias cidades, e um importante sindicato convocou uma greve geral em solidariedade com a flotilha e o povo de Gaza. O ministério das Relações Exteriores da Turquia qualificou a ação como “um ato de terrorismo”, enquanto o Hamas a chamou de “um ataque traiçoeiro e um ato de pirataria”. O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, foi além ao chamar a ação de “crime internacional” e criticou a “política de paz” proposta pelos EUA para Gaza.
O ministério israelense indicou anteriormente que a flotilha não seria permitida a alcançar Gaza, argumentando que estava se aproximando de uma zona de combate ativa e violando um bloqueio naval legal. Os organizadores da flotilha recusaram ofertas de Israel para transferir a ajuda a partir de seus portos, insistindo que a ajuda deve chegar diretamente aos civis em Gaza.
A GSF também alegou que algumas de suas embarcações foram alvos de drones, afirmando que isso faz parte de uma campanha israelense de intimidação. Embora Israel tenha afirmado que encontrou documentos que provam a participação do Hamas no financiamento da flotilha, a GSF negou as acusações, considerando-as propaganda.
Após os ataques, tanto a Itália quanto a Espanha se comprometeram a enviar embarcações para apoiar a flotilha. No entanto, as autoridades espanholas esclareceram que o navio não entraria na zona de exclusão marítima de Israel, e a Itália também definiu que suas embarcações ficariam a uma distância segura de Gaza. A primeira-ministra italiana aconselhou os ativistas a não arriscar a vida, afirmando que a ajuda poderia ser entregue rapidamente pelo governo italiano.
Historicamente, tentativas de entrega de ajuda a Gaza têm encontrado resistência, com embarcações sendo abordadas ou atacadas pelas forças israelenses. Incidentes anteriores incluem a interceptação de uma flotilha em 2010 que resultou na morte de nove cidadãos turcos, gerando forte indignação global.
As próximas ações da GSF e a resposta da comunidade internacional à situação nas águas do Mediterrâneo estão sob observação, dada a tensão persistente na região.