A MBRF, resultado da fusão entre os frigoríficos Marfrig e BRF, anunciou na segunda-feira a criação da Sadia Halal. Esse novo negócio abrange operações na Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar, Kuwait e Omã, incluindo centros de distribuição e unidades de abate. Além disso, a Sadia Halal também se dedicará às exportações diretas para clientes no norte da África.
O investimento nessa iniciativa é de aproximadamente US$ 2,07 bilhões e faz parte da expansão da joint venture da MBRF com a Halal Products Development Company (HPDC), uma empresa controlada pelo fundo soberano da Arábia Saudita, o PIF. Juntas, elas constituem a BRF Arabia, que tem como foco a produção de alimentos conforme as normas islâmicas.
Atualmente, a HPDC detém 10% da participação na nova empresa, com a possibilidade de aumentar sua participação para 30%, e ainda possui o direito de elevar essa fatia até 40% no futuro.
Esse movimento é considerado um passo importante em direção à abertura de capital da empresa, prevista para 2027, na Bolsa de Riad, na Arábia Saudita. O faturamento desse novo segmento, nos 12 meses que terminaram em junho de 2025, foi de US$ 2,1 bilhões, representando 7,3% da receita total da MBRF.
O vice-presidente de finanças e relações com investidores da empresa, Jose Ignacio Rey, destacou que essa expansão busca fortalecer a presença da MBRF na região, com apoio da HPDC, permitindo a ampliação das operações e uma maior aproximação com os consumidores.
As ações da MBRF se destacaram no mercado financeiro, liderando os ganhos do Ibovespa na mesma data. O valor dos papéis da companhia chegou a subir 7%.
Analistas do Itaú BBA ressaltaram que a transação reforça a posição da MBRF em um mercado Halal que está em crescimento acelerado, além de abrir possibilidades para a expansão do portfólio, que pode incluir também produtos de carne bovina. O mercado do Oriente Médio é especialmente relevante, sendo responsável por 13% das importações globais de frango e 25% das exportações brasileiras.
Por sua vez, o banco de investimento Goldman Sachs afirmou que o novo negócio deve proporcionar uma estabilidade ao longo de ciclos econômicos voláteis no mercado de frango, ao direcionar a empresa para uma região com crescimento veloz e alto poder de compra.



