As eleições legislativas realizadas neste domingo na Argentina têm o potencial de impactar significativamente as reformas de livre mercado e as medidas de austeridade implementadas pelo presidente Javier Milei. O pleito visa determinar se ele conseguirá apoio suficiente para dar continuidade ao seu plano econômico.
O partido de Milei, La Libertad Avanza, busca expandir sua atual minoria no Congresso, o que poderia aumentar a confiança dos investidores em sua visão econômica. Essa confiança é especialmente relevante considerando que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recentemente concedeu um robusto pacote de assistência financeira à Argentina, mas condicionou o apoio a um bom desempenho do governo argentino nas eleições.
Durante um evento de encerramento de campanha em Rosário, Milei afirmou a seus apoiadores: “Não desistam porque estamos na metade do caminho. Estamos em um bom caminho.”
Neste pleito de meio de mandato, metade da Câmara dos Deputados (127 assentos) e um terço do Senado (24 assentos) estão em jogo. O movimento de oposição peronista, que detém a maior minoria nas duas casas, se depara com o partido novato de Milei, que conta com apenas 37 deputados e seis senadores.
Os resultados das eleições deverão ser divulgados a partir das 21h (horário de Brasília). Milei votou na manhã deste domingo no bairro de Almagro, em Buenos Aires, onde acenou para o público, mas não fez declarações. Moradores que se dirigiram às urnas manifestaram apoio às reformas do presidente. “Milei está arriscando tudo por uma mudança profunda e precisa de apoio porque não é uma tarefa fácil depois de anos de populismo”, comentou Cecilia Juarez, estudante universitária.
Por outro lado, o professor Silvio Caballero expressou preocupações: “O crescimento econômico está muito lento; não sei quando conseguiremos ser um país de primeiro mundo.”
A administração de Milei conseguiu reduzir a inflação mensal de 12,8% no início de seu mandato para 2,1%
O governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, criticou as políticas de Milei ao dizer que “o ajuste foi feito com traição e crueldade”.
Especialistas políticos afirmam que um resultado superior a 35% dos votos seria favorável para o governo, permitindo a formação de alianças que poderiam proteger suas iniciativas legislativas. Maria Laura Tagina, cientista política da Universidad Nacional de San Martín, alertou que a oposição peronista terá dificuldades maiores, dado o número elevado de assentos em disputa.
Milei indicou a possibilidade de mudanças em seu gabinete após a eleição, incluindo a inclusão de membros do partido centrista PRO, liderado pelo ex-presidente Mauricio Macri. O ministro das Relações Exteriores, Gerardo Werthein, já pediu demissão.
A Casa Branca acompanha de perto o desenrolar das eleições. Um resgate financeiro de US$ 40 bilhões da Argentina por Trump está condicionado a uma boa performance do governo nas urnas. Os analistas também preveem que os resultados poderão levar a uma desvalorização do peso, atualmente considerado supervalorizado para conter a inflação.



