Durante o evento Brasil Treasury Summit, realizado em São Paulo nesta terça-feira, 25 de outubro de 2023, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, declarou que um novo aumento da taxa Selic não está nos planos atuais da instituição. Ele destacou que o Brasil não está mais em um ciclo de elevação das taxas de juros, enfatizando que o foco agora é entender o momento apropriado para iniciar cortes.
Nilton ressaltou a importância da análise de dados e da comunicação clara por parte do Comitê de Política Monetária (Copom), em um contexto de elevada incerteza. “Estamos atentos para que nossa comunicação não gere ruídos”, afirmou. O diretor também expressou reservas quanto ao uso de forward guidance nas comunicações, dada a imprevisibilidade do cenário econômico.
Em relação à gestão das expectativas sobre a dívida pública, Nilton afirmou que a prioridade do Banco Central é trazer a inflação para dentro da meta estipulada. “Embora as projeções mostrem que caminhamos para o centro da meta, ainda estamos distantes”, avaliou. Segundo ele, o crescimento econômico deve ser a meta, sem reduções do PIB, mas sim atingindo seu potencial máximo.
Impacto das Tarifas dos EUA
O diretor do Banco Central também comentou sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, mencionando que, apesar da recente retirada da sobretaxa de 40% sobre alguns itens, a incerteza sobre os efeitos ainda persiste. “É quase um experimento econômico o que está acontecendo”, disse Nilton, ressaltando que existem opiniões divergentes quanto ao impacto do tarifamento.
Nilton avaliou que, apesar das incertezas, há sinais de um arrefecimento da situação tarifária e que as oscilações cambiais continuam a ser um desafio para a economia brasileira. “Embora a incerteza externa tenha diminuído desde o início do ano, devemos permanecer alertas”, alertou.
Sobre a relação com os EUA, o diretor observou que, apesar das turbulências, as medidas protecionistas não tiveram o impacto negativo que se esperava. “A impressão é que as transações comerciais entre os dois países permanecem”, afirmou. Ele também notou uma mudança na disposição da Europa de dialogar, o que poderia contribuir para um ambiente comercial menos dependente dos Estados Unidos.



