No dia 24 de outubro de 2023, o diretor de Política Econômica do Banco Central, Diogo Guillen, destacou a necessidade de cautela e flexibilidade diante da alta incerteza no cenário internacional. Em evento promovido pela XP em Washington, paralelo à reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), Guillen afirmou que a divulgação de cenários sobre a política monetária brasileira não seria benéfica neste momento.
Segundo o diretor, embora diversas instituições, incluindo bancos centrais e o FMI, apresentem múltiplas possibilidades de resposta da política monetária, essa estratégia não traz vantagens significativas atualmente. Ele mencionou: “Eu gosto da ideia de cenários, mas desta vez não vejo melhora na comunicação ao oferecer diferentes cenários. É mais sobre enfatizar a incerteza do cenário atual.”
Guillen também reforçou que a transparência não implica uma orientação explícita sobre os próximos passos da taxa Selic. Ele afirmou: “Transparência não significa guidance. Significa que as pessoas devem entender qual é a reação da política monetária.”
Diante do recente aumento da incerteza externa, com ênfase nas tarifas impostas pelo ex-presidente Donald Trump, o Banco Central optou por uma comunicação mais cautelosa, após uma tentativa anterior de guidance mais prolongado no final de 2023, quando o ambiente interno parecia mais previsível. Guillen afirmou: “O choque de incerteza é mais difícil de medir e tem impactos variados. Por isso, a recomendação da teoria e da prática é agir com gradualismo, ser transparente e evitar movimentos bruscos.”
Em sua análise, Guillen reiterou que a política monetária continua eficaz e que a avaliação atual pressupõe uma moderação do crescimento econômico, essencial para que a inflação retorne à meta estabelecida pelo Banco Central. Ele concluiu: “O nosso cenário-base envolve uma moderação do crescimento e inflação persistente. A política monetária segue funcionando, e a postura contracionista deverá reconduzir a inflação à meta.”