O governo dos Estados Unidos anunciou, na última quinta-feira (20), a revogação da sobretaxa adicional de 40% aplicada a vários produtos brasileiros, incluindo café, carne bovina, frutas e açaí. Essa decisão se dá em um contexto em que os EUA dependem significativamente das importações desses itens, devido à baixa produção doméstica.
A eliminação dessa tarifa permitirá que os produtos brasileiros ingressem no mercado americano sem custos adicionais, o que, segundo Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, irá aliviar despesas e aumentar a competitividade do Brasil em comparação com outros países que também tiveram tarifas reduzidas recentemente.
Linha do tempo das tarifas
A decisão de retirar a sobretaxa encerra uma série de mudanças relevantes que ocorreram ao longo de 2025:
- Abril de 2025: O presidente Donald Trump impõe uma tarifa global de 10% sobre produtos de diversos países, incluindo o Brasil.
- Julho de 2025: Aumenta a pressão e uma nova sobretaxa de 40% é criada especificamente para produtos brasileiros, resultando em tarifas totais de até 50% para itens como café e carnes.
- Semana passada (14/11): A Casa Branca revoga a tarifa global de 10%, mas mantém a sobretaxa de 40% sobre os produtos do Brasil.
- Quinta-feira (20/11): Uma ordem executiva é assinada, eliminando a sobretaxa de 40% para uma série de produtos brasileiros. A medida é retroativa ás mercadorias retiradas de armazéns desde 13 de novembro.
A retirada da sobretaxa resulta em uma tarifa zero para itens como carne, café e frutas, que anteriormente enfrentavam tarifas de 50%.
Motivos da reversão dos EUA
Os EUA estão sob pressão devido ao aumento dos preços de alimentos importados. A revogação das tarifas visa estabilizar os preços locais, evitar repasses inflacionários e garantir uma oferta interna adequada. Essa medida também ocorre no contexto de uma queda na popularidade de Trump, que busca ações para melhorar a economia e aliviar o custo de vida para os americanos.
A decisão atende às necessidades de importadores e varejistas, que enfrentam dificuldades devido à inflação do setor alimentício.
Impactos para o Brasil
Os efeitos positivos da decisão americana para o Brasil incluem a recuperação da competitividade, permitindo que exportadores brasileiros operem em condições mais equitativas. Produtos afetados pela sobretaxa, como café e carnes, retornam ao acesso habitual no mercado dos Estados Unidos, que é crucial para esses setores.
Além disso, o alívio nas tarifas pode estimular a retoma dos embarques, beneficiando setores que sofreram queda nas exportações desde a imposição das tarifas. A Suno Research destaca que a demanda por produtos agrícolas brasileiros no mercado americano permanece forte, especialmente para o complexo de proteínas e cafés especiais.
De acordo com a XP Investimentos, os produtos agora isentos representaram cerca de US$ 4,4 bilhões (11% das exportações brasileiras para os EUA) em 2024. Com a mudança, 55,4% das exportações brasileiras para os EUA estão isentas da sobretaxa de 40%, em comparação com 44,6% anteriormente.
Embora as exportações para os EUA tenham diminuído entre agosto e outubro, isso foi contrabalançado por um aumento nas vendas para outros mercados, como África e Ásia. As previsões para 2025 indicam um impacto limitado de cerca de US$ 700 milhões, tendo em vista a implementação tardia da nova medida, mas sem implicações para 2026.



