O prazo para um acordo sobre o orçamento federal dos Estados Unidos se esgota nesta terça-feira, 30 de outubro. Repúblicanos e democratas ainda não chegaram a um consenso, o que pode resultar em um shutdown, ou seja, uma paralisação parcial do governo americano.
Entendendo o shutdown
Nos Estados Unidos, o Congresso é responsável por aprovar leis de financiamento para garantir o funcionamento do governo. Quando não há um acordo, os recursos são cortados e algumas atividades federais são suspensas. Diferentemente de outros países, onde a rejeição do orçamento pode levar à queda do governo, nos EUA isso resulta apenas na interrupção de serviços considerados “não essenciais”.
Motivos do impasse orçamentário
O atual impasse gira em torno da renovação do financiamento federal:
- Repúblicanos: Controlam ambas as casas do Congresso e propõem uma extensão temporária do orçamento sem mudanças adicionais.
- Democratas: Condicionam seu apoio à inclusão de medidas ligadas à saúde, como a prorrogação de créditos tributários do Obamacare e a reversão de cortes no Medicaid.
Se não houver acordo até 0h01 de quarta-feira, 1º de novembro, o governo poderá entrar em shutdown.
Serviços afetados pelo shutdown
Nem todos os serviços do governo serão interrompidos. Atividades essenciais continuarão funcionando, mas uma parte significativa da máquina pública será afetada:
- Serviços que permanecem operacionais: Controle de fronteiras, segurança nacional, serviços médicos de emergência e operações militares.
- Serviços que podem ser afetados: Emissão de passaportes e vistos, liberação de empréstimos estudantis, inspeções de alimentos e funcionamento de parques nacionais.
- Funcionários federais: Trabalhadores considerados “não essenciais” serão afastados sem remuneração, enquanto os essenciais trabalharão, em alguns casos, sem pagamento até a resolução do impasse.
Impactos do shutdown na economia
A magnitude do impacto do shutdown na economia e nos mercados depende de sua duração. Paralisações curtas tendem a ser absorvidas pelo sistema, mas fechamentos prolongados têm demonstrado efeitos significativos:
- O shutdown de 2018-2019, o mais longo da história com 35 dias, resultou em uma perda de aproximadamente US$ 11 bilhões no PIB, conforme dados do Escritório de Orçamento do Congresso dos EUA.
- Divulgações de dados econômicos importantes, como o relatório de empregos do Departamento de Estatísticas de Trabalho, podem ser afetadas, prejudicando consumidores, investidores e formuladores de políticas monetárias.
- Setores dependentes de serviços federais, como turismo e transporte, normalmente sentem os impactos primeiro.
Histórico de shutdowns nos EUA
A história dos shutdowns nos últimos 50 anos revela 13 paralisações, cada uma com durações variáveis. Durante a década de 1980, o presidente Ronald Reagan enfrentou oito shutdowns, a maioria deles de curta duração.
Perspectivas para o futuro próximo
Se um acordo não for alcançado rapidamente, os Estados Unidos enfrentarão seu primeiro shutdown desde 2019. Os sinais atuais sugerem um impasse difícil. Na segunda-feira, 29 de outubro, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, expressou sua crença de que um shutdown é iminente, afirmando que os democratas não estão agindo de maneira adequada.
O presidente da Câmara dos Representantes, Mike Johnson, sem mostrar otimismo, comentou: “Abram o governo e depois teremos todas as discussões. No momento, isso é uma distração”.