Em um cenário onde a digitalização se torna uma prioridade, a Caixa Econômica Federal enfrenta seu maior desafio atual, conforme ressaltou o presidente do banco, Carlos Antônio Vieira. O executivo falou com exclusividade ao InfoMoney após a premiação Marcas Mais Valiosas do Brasil 2025, promovida pela TM20 Branding em parceria com o InfoMoney, que reconheceu a Caixa como a marca mais forte do país. Para Vieira, esse prêmio representa a trajetória do banco, que visa transformar a vida das pessoas.
Durante a entrevista, Vieira enfatizou que “o grande desafio da Caixa é o processo de modernização da empresa”, especialmente em um momento em que a transformação digital influencia todos os setores. Ele também mencionou a necessidade do banco se tornar uma entidade reconhecida por suas práticas sustentáveis.
O executivo destacou a evolução do crédito imobiliário no Brasil, que cresceu de R$ 5 bilhões anuais nos anos 2000 para R$ 225 bilhões atualmente, representando 10% do PIB nacional. Apesar desse crescimento, Vieira acredita que há um amplo espaço para expansão e afirmou: “Queremos ter 40% desse mercado, mas que ele seja muito maior”. Atualmente, a Caixa detém 70% do crédito imobiliário no país e pretende fomentar esse setor ainda mais.
Sobre a nova política habitacional para a classe média, Vieira explicou que a Caixa está reestruturando suas ofertas de produtos para fidelizar esse público. Ele também mencionou a expectativa de que um eventual corte na taxa Selic em 2026 facilite a geração de financiamentos adicionais, superando a meta de 80 mil novos contratos estimados pelo ministro das Cidades, Jader Filho.
A inadimplência foi outro tópico abordado. O presidente comentou que o aumento do crédito no agronegócio trouxe desafios semelhantes aos enfrentados pelo crédito imobiliário anos atrás. A Caixa está buscando diálogo com os produtores para facilitar a recuperação financeira e, segundo Vieira, a curva de inadimplência deverá começar a decair em 2026.
Entre os investimentos futuros do banco, Vieira mencionou a criação de uma diretoria de cibersegurança e o lançamento de um super app previsto para o primeiro semestre de 2026. Ele também comentou com entusiasmo a Fundação Caixa, uma proposta de entidade sem fins lucrativos que visa apoiar ações nas áreas de educação, cultura e inovação, aguardando votação no Senado.
Principais trechos da entrevista:
InfoMoney: Qual a sua percepção sobre a força da Caixa e a premiação recebida?
Carlos Vieira: Receber essa premiação é uma grande honra. A Caixa é uma instituição secular e nosso objetivo é continuar transformando a vida das pessoas.
InfoMoney: Qual desafio parecia insuperável na Caixa e hoje está superado?
Carlos Vieira: A habitação. Quando assumi a gestão, o crédito imobiliário no Brasil era de R$ 5 bilhões por ano. Hoje, esse valor alcançou R$ 225 bilhões.
InfoMoney: Como a Caixa se relaciona com a classe média?
Carlos Vieira: Estamos revisando nosso modelo de segmentação e ofertas para fidelizar a classe média como clientes principais da Caixa.
InfoMoney: A perspectiva de corte da Selic pode aumentar os financiamentos extras?
Carlos Vieira: Acreditamos que podemos colocar mais R$ 1 trilhão no mercado de crédito imobiliário nos próximos dez anos, e a redução da taxa vai beneficiar essa meta.
InfoMoney: Como está a inadimplência no crédito rural?
Carlos Vieira: Estamos dialogando com os produtores para encontrar soluções e acreditamos que a curva de inadimplência começará a cair em 2026.
InfoMoney: Como a Caixa protege os dados e combate fraudes?
Carlos Vieira: Implementamos medidas rigorosas de segurança, como reconhecimento facial e biometria, reduzindo as fraudes nos últimos anos.
InfoMoney: Quando foi criada a diretoria de cibersegurança?
Carlos Vieira: Há cerca de um mês.
InfoMoney: Como a Caixa está investindo na transformação digital?
Carlos Vieira: Nosso Projeto TEIA já conta com 1.500 desenvolvedores em todo o Brasil promovendo a transformação digital na Caixa.
InfoMoney: Qual projeto mais te entusiasma para 2026?
Carlos Vieira: A Fundação Caixa, que visa transformar vidas por meio de ações sociais e comunitárias, aguarda votação no Senado.



