A greve dos motoristas de ônibus em Campo Grande está confirmada e começará nesta segunda-feira, dia 15. Mesmo após o Consórcio Guaicurus ter pago 50% dos salários atrasados, o Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande (STTCU-CG) decidiu manter a paralisação, que deve afetar mais de 100 mil passageiros que dependem do transporte público.
A decisão de entrar em greve foi anunciada após uma assembleia realizada na última quinta-feira, onde mais de 200 motoristas expressaram suas preocupações sobre os salários não pagos. Eles receberam o pagamento de parte do salário, mas isso não foi suficiente para suspender a greve. O Consórcio Guaicurus informou que quitou apenas metade do valor devido, referente aos salários de novembro.
O presidente do sindicato, Demétrio Freitas, declarou que a frota ficará totalmente parada a partir de segunda-feira e só será normalizada após o pagamento completo dos salários em atraso, da segunda parcela do 13º salário e do vale. Ele enfatizou que o retorno dos ônibus está condicionado ao cumprimento dessas obrigações financeiras.
A paralisação impactará principalmente os trabalhadores que usam ônibus para se deslocar para o trabalho e outras atividades cotidianas. Em agosto de 2022, o Consórcio Guaicurus transportou uma média mensal de 3,2 milhões de passageiros. Além disso, dados de agosto de 2025 indicam que, em dias normais, cerca de 116 mil pessoas utilizam o transporte público diariamente.
Greves anteriores já mostraram o impacto dessa situação. Em outubro, uma paralisação que durou 47 horas fez com que os ônibus só saíssem das garagens às 6h da manhã, afetando principalmente os passageiros que dependem das primeiras linhas do dia. A falta de ônibus resultou também em um aumento nos preços das corridas por aplicativos, com tarifas que dobraram em alguns casos.
O conflito se dá em meio a um embate entre o consórcio e a Prefeitura de Campo Grande. O consórcio afirma que sua situação financeira é complicada devido à falta de repasses do poder público. Por outro lado, a prefeitura garante que os repasses estão em dia e até adiantou 57% da subvenção de novembro.
O Consórcio Guaicurus esclareceu que os recursos que possuem foram priorizados para o pagamento de salários e despesas essenciais como combustível e manutenção dos ônibus. Eles afirmam que estão buscando soluções para quitar o restante dos salários o mais rápido possível.
A Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos Delegados (Agereg) também se manifestou, contestando a justificativa financeira do consórcio e sugerindo que a greve pode ser considerada sem fundamento e até ilegal.



