O diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Nilton José David, destacou nesta quinta-feira (9) que aproximadamente 50% da valorização do real em 2025 se deve ao fortalecimento da moeda brasileira, enquanto a outra metade é atribuída à desvalorização do dólar. Desde o começo de 2025, o dólar acumulou uma queda de cerca de 13% em relação ao real, um fenômeno que também tem sido observado em outras economias emergentes. No ano anterior, a moeda americana havia registrado uma alta de 27% frente ao real.
Durante um evento promovido pela Câmara Espanhola em São Paulo, David afirmou: “A valorização do real deste ano vem metade da valorização do real em si e metade do enfraquecimento do dólar”. Ele acrescentou que a cotação do dólar no momento é semelhante à de 15 meses atrás, evidenciando certa volatilidade e um processo de normalização no mercado.
O diretor também avaliou que as reservas internacionais do Brasil estão em patamares “bastante razoáveis” e que esse fato não é motivo de preocupação. Ele ressaltou que, neste ano, as reservas aumentaram quase 10% devido à rentabilidade, e que não houve aquisição de dólares. “Elas são reservas para o caso de necessidades”, explicou David.
Outro ponto abordado foi a estrutura do mercado de câmbio brasileiro, que apresenta mais de 90% da liquidez concentrada em derivativos, enquanto apenas cerca de 10% está no mercado à vista. Essa situação difere de outras nações, que distribuem a liquidez de forma mais equilibrada entre os dois segmentos. David destacou que os canais de comunicação entre os mercados spot e de derivativos são “razoavelmente estreitos”, o que compromete a eficiência das intervenções no mercado à vista em situações de disfuncionalidade.
Històricamente, essa característica do mercado levou o Banco Central a recorrer mais frequentemente a swaps cambiais — instrumentos que afetam os preços futuros do dólar — em vez de realizar vendas diretas da moeda americana. Quando perguntado se observa mais as reservas brutas ou as líquidas (excluindo as posições em swaps), David defendeu a ideia de que “o mundo de swap é apartado das reservas”.
Atualmente, os dados mais recentes indicam que as reservas internacionais do Brasil somam aproximadamente US$ 357 bilhões, um aumento em relação aos US$ 330 bilhões do final de 2024.