Desde sua fundação em 1965, a TV Globo produziu uma vasta quantidade de novelas, muitas das quais se tornaram grandes sucessos de audiência. No entanto, a emissora também enfrentou desafios em relação à preservação de seus conteúdos mais antigos. Nos anos iniciais do canal, os recursos eram limitados e a ideia de preservar fitas de gravação nem sempre era considerada. Por esse motivo, várias produções das primeiras décadas foram infelizmente perdidas, seja devido a incêndios nos estúdios nos anos 1970 ou pelo reaproveitamento das fitas, que eram caras e escassas.
A seguir, apresentamos quatro novelas icônicas da Globo que nunca poderão ser vistas por completo novamente:
Anastácia, a Mulher Sem Destino
Transmitida entre junho e dezembro de 1967, “Anastácia, a Mulher Sem Destino” não alcançou o sucesso esperado e ficou famosa pela drástica mudança que passou em busca de melhorias na audiência. A novela, que contava uma história complexa e com muitos personagens, foi inicialmente criada por Emiliano Queiróz. No entanto, a Globo decidiu afastá-lo e chamar Janete Clair para reformular a trama. Clair introduziu um terremoto na ilha da história, eliminando mais de 100 personagens e fazendo um salto temporal de vinte anos. Apesar do impacto que essa obra teve na época, apenas algumas fotos permanecem registradas.
Véu de Noiva
“Véu de Noiva” custou à Globo a perda de todas as fitas da novela, uma produção de Janete Clair exibida entre outubro de 1969 e junho de 1970. Este trabalho foi emblemático por marcar a estreia de Regina Duarte na emissora. Ela deixou uma novela em outra emissora, onde não recebia salário há meses, atraída pela oportunidade na Globo. A novela representou uma mudança de estilo, saindo das histórias de aventura e espada para narrativas mais modernas. Contudo, todas as fitas foram perdidas em incêndios ou pela reutilização que era comum na época. Sobre essa produção, restam apenas imagens de bastidores e algumas fotos.
Estúpido Cupido
Exibida entre agosto de 1976 e fevereiro de 1977, “Estúpido Cupido” é uma das poucas novelas de sucesso que não foram preservadas por completo. A trama, escrita por Mário Prata e ambientada nos anos 1960, contava com um elenco de peso, incluindo Françoise Forton e Ney Latorraca. Apesar de ter 160 capítulos, apenas seis ainda estão disponíveis, os quais foram disponibilizados pelo Projeto Resgate do Globoplay. Curiosamente, a novela foi reprisada entre 1979 e 1980, mas perdeu suas fitas em algum momento nos anos 1980, levando à sua quase total extinção.
Sol de Verão
“Sol de Verão” foi exibida entre outubro de 1982 e março de 1983 e ficou marcada pela repentina morte do ator Jardel Filho, que interpretava um dos principais personagens. Ele faleceu de um ataque cardíaco fulminante em fevereiro de 1983, o que gerou grande comoção entre o público e os colegas de trabalho. Em função dessa tragédia, a Globo decidiu encurtar a novela e programar uma reprise de “O Casarão” enquanto produzia rapidamente “Louco Amor” como substituta. Dos capítulos da novela, apenas oito foram mantidos, e os assinantes do Globoplay podem acessar esses trechos, mas a produção completa se perdeu para sempre.
Essas quatro novelas são exemplos do que se perdeu ao longo do tempo na história da televisão brasileira, refletindo a evolução da emissora e os desafios enfrentados na preservação de seu acervo.


