O Knesset, o Parlamento de Israel, aprovou nesta quarta-feira dois projetos de lei que buscam a anexação formal da Cisjordânia, uma região palestina ocupada por Israel desde 1967.
A primeira proposta determina que as leis e a administração de Israel se aplicarão a toda a Cisjordânia. Atualmente, essa área está dividida em zonas e é governada em parte pela Autoridade Palestina, enquanto Israel mantém o controle militar da região. A segunda proposta, que recebeu suporte de partidos centristas, permite a anexação de um assentamento localizado próximo a Jerusalém.
Esse movimento acontece enquanto o vice-presidente dos Estados Unidos, J. D. Vance, está em visita oficial a Israel, tentando convencer o governo de Binyamin Netanyahu a manter o cessar-fogo com o Hamas na Faixa de Gaza.
Esses projetos ainda precisam passar por mais três votações no Knesset antes de se tornarem lei. A aprovação foi vista por alguns como uma fraqueza para Netanyahu, que enfrenta pressão de sua coalizão para avançar com a anexação da Cisjordânia, em resposta ao aumento no reconhecimento do Estado da Palestina por países como Reino Unido, França e Canadá. Contudo, Netanyahu está tentando evitar conflitos com os Estados Unidos, uma vez que o presidente Donald Trump já se manifestou contra essa anexação.
O primeiro projeto foi aprovado por um voto apertado, 25 a 24, e teve o apoio de partidos mais à direita que fazem parte da coalizão de Netanyahu. Yuli Edelstein, um dos membros do Likud, partido do primeiro-ministro, quebrou a orientação de abstenção e votou a favor da proposta. A expectativa é que o Likud tome medidas para afastá-lo de sua posição na Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Parlamento.
Após o voto, Edelstein afirmou que a aplicação da soberania israelense sobre a Cisjordânia é uma questão essencial. Ele expressou orgulho por ter votado a favor da proposta, especialmente em áreas consideradas historicamente israelenses. Por outro lado, o Likud emitiu uma nota alegando que essa aprovação é uma estratégia da oposição para prejudicar as relações diplomáticas com os Estados Unidos, enquanto a base partidária tivesse votado a favor da medida.
O partido, no entanto, não abandonou suas intenções de anexar a Cisjordânia no futuro. Em sua declaração, argumentou que essa soberania deve ser conquistada por meio de ações concretas em vez de leis simbólicas. O Likud citou como exemplos o reconhecimento dos Estados Unidos da anexação das Colinas de Golã e de Jerusalém como a capital de Israel, destacando os esforços em fortalecer as comunidades israelenses na Cisjordânia.
O segundo projeto de lei, que visa anexar uma parte menor da Cisjordânia, foi aprovado com 32 votos a favor e nove contra. Ele propõe a anexação do assentamento de Ma’ale Adumim, onde vivem cerca de 40 mil colonos judeus. O deputado Avigdor Liberman, responsável pela proposta, afirmou que a maneira mais eficaz de levar a cabo a anexação é de forma gradual, destacando que há consenso na sociedade israelense em relação à aplicação de soberania naquela região específica.
Membros do Likud contaram que, se houvesse um voto secreto, a anexação completa da Cisjordânia provavelmente seria aprovada por uma ampla margem, apesar do risco de criar atritos com os Estados Unidos e de provocar descontentamento entre aliados europeus.
Em setembro, Netanyahu esteve em Ma’ale Adumim para assinar a expansão do assentamento, um projeto que inclui a construção de 3.400 novas casas. Essa ação, segundo analistas, poderia dificultar a criação de um futuro Estado palestino, uma vez que poderia separar Jerusalém Oriental do restante da Cisjordânia.