Uma mulher está sendo julgada por stalking (perseguição) da família de Madeleine McCann, que desapareceu em 2007 durante uma viagem em família a Portugal. Julia Wandelt, de 24 anos, está sendo processada junto com Karen Spragg, de 61 anos, no Tribunal de Leicester.
Durante o julgamento, foi revelado que Julia tinha um histórico de alegações de que era outra pessoa desaparecida. Em 2023, ela foi convencida por uma organização polonesa dedicada a pessoas desaparecidas que não era uma menina alemã que sumiu em 2015, nem uma americana que desapareceu em 2003. Após isso, Julia passou a afirmar que era Madeleine McCann e, segundo os relatos, começou a perseguir os pais da menina, Kate e Gerry McCann. Ambas as acusadas negam as acusações.
O tribunal também ouviu que, anteriormente, Julia afirmara ser Inga Gehricke, uma menina desaparecida durante um churrasco em Saxônia-Anhalt, na Alemanha, em 2015. Iwona Modliborska, funcionária da organização de pessoas desaparecidas, disse que recebeu mensagens e imagens de Julia, que alegava que seus pais biológicos não queriam que ela tivesse acesso a sua certidão de nascimento e que não recebia respostas sobre sua infância. Iwona rapidamente convenceu Julia de que estava enganada e, em poucas semanas, Julia apresentou outro relato.
Julia entrou em contato novamente com a organização, dessa vez afirmando ser Acacia Bishop, uma menina sequestrada em Utah, nos Estados Unidos. Iwona comentou que recebeu comparações de imagem entre Julia e Acacia, mas achou que as imagens estavam alteradas. A funcionária afirmou que rapidamente ficou claro que Julia não poderia ser Acacia e que a conversa terminou sem mais interações.
Mais tarde, Julia voltou a afirmar que era Madeleine McCann. Iwona disse que tentou convencê-la do contrário, mas Julia estava bem preparada e foi difícil desafiá-la. A funcionária já sabia que as reivindicações de Julia não faziam sentido e tentou alertá-la, mas Julia não aceitou.
No tribunal, foi também mencionado que Julia utilizou um chatbot de inteligência artificial, o ChatGPT, na tentativa de comparar sua amostra de DNA com outras amostras supostamente encontradas no apartamento de onde Madeleine desapareceu. Na segunda-feira, um especialista em DNA informou ao tribunal que o perfil utilizado na comparação não pertencia a Gerry McCann.
Julia Wandelt, residente em Lubin, na Polônia, e Karen Spragg, de Cardiff, negam as acusações de stalking, que incluem causar sério alarme e angústia aos McCann. Durante o processo, o tribunal ouviu que Karen havia estabelecido um relacionamento com Julia e apoiava suas alegações e teorias da conspiração. Juntas, elas confrontaram os McCann diretamente em uma ocasião em dezembro de 2024.
Julia foi presa em fevereiro de 2025, após desembarcar no Aeroporto de Bristol, enquanto Karen foi detida em um estacionamento próximo. O julgamento continua.