Os dados mais recentes sobre o mercado de trabalho no Brasil, divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira, 28, revelam uma nova queda na taxa de desemprego, que agora se encontra em 5,4% no trimestre encerrado em outubro. Além disso, a taxa de ocupação permaneceu estável em 58,8%, enquanto a subutilização da força de trabalho caiu para 13,9%.
No entanto, também foram observadas quedas significativas no total de emprego. A força de trabalho teve uma retração de 0,2% na comparação mensal, e a taxa de participação caiu de 62,2% para 62%. Esses resultados estão alinhados com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que indicaram um encolhimento nas vagas em outubro, sugerindo uma desaceleração no mercado de trabalho, que pode impactar a economia.
Com os sinais de desaceleração presentes na PNAD, os especialistas afirmam que essa tendência parece se consolidar. Rodolfo Margato, economista da XP, aponta que, apesar da taxa de desemprego estar em níveis historicamente baixos, há uma lentidão gradativa na demanda interna e efeitos provenientes da escassez de mão de obra.
O banco Itaú também observa indícios de perda de força no mercado, com o emprego formal apresentando recuo pelo terceiro mês consecutivo. Ariane Benedito, economista-chefe do PicPay, afirma que esse declínio reflete uma estabilização da população ocupada, indicando que o mercado talvez tenha atingido seu piso cíclico. Ela destaca a estabilidade da taxa de subutilização e a informalidade, ambas resistindo a mudanças significativas.
### Comparativo dos Indicadores do Mercado de Trabalho
| Indicador/Período | ago-set-out 2025 | mai-jun-jul 2025 | ago-set-out 2024 |
|---|---|---|---|
| Taxa de desocupação | 5,4% | 5,6% | 6,2% |
| Taxa de subutilização | 13,9% | 14,1% | 15,4% |
| Rendimento real habitual | R$ 3.528 | R$ 3.500 | R$ 3.397 |
| Variação do rendimento habitual em relação a: | Estável (0,8%) | 3,9% | |
### Análise da Taxa de Participação
A taxa de participação, que reflete o percentual de pessoas em idade de trabalhar que estão empregadas ou em busca de emprego, é considerada um fator significativo na contenção da taxa de desemprego. Desde julho, essa taxa caiu de 62,5% para 61,9%, segundo o Banco Bradesco. Segundo a XP, essa é a menor taxa desde dezembro de 2023 e representa uma queda em comparação aos níveis pré-pandemia de 63,5%.
### Mudanças nas Categorias de Emprego
O Bradesco também ressalta que a população ocupada diminuiu pelo terceiro mês consecutivo, com um recuo generalizado entre as categorias de trabalho, exceto no setor público. A maior redução foi observada no segmento de trabalhadores sem carteira assinada.
### Crescimento dos Rendimentos
Apesar das quedas no número de empregos, o mercado de trabalho permanece competitivo, refletindo-se nas remunerações. De acordo com o Bradesco, os rendimentos médios aumentaram 0,4% de setembro a outubro, atingindo aproximadamente R$ 3.525 mensais. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, houve um incremento de 3,9%.
### Projeções Futuras
As expectativas para o uso do mercado de trabalho são mistas. Ariane Benedito projeta que, após um período de desemprego baixo, a taxa de desemprego deve se estabilizar e mostrar leve alta nas próximas leituras. O PicPay estima que a média anual da taxa de desemprego ficará próxima de 6%, indicando um mercado resiliente, mas em desaceleração gradual.
Enquanto isso, a XP prevê um crescimento da população ocupada de 2% em 2025, com a taxa de desemprego fechando o ano em 5,9%. Para 2026, a expectativa é de um leve aumento na taxa, que subiria para 6,3%. Além disso, a renda real disponível das famílias deve aumentar em 5,2% neste ano.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, alerta que um mercado de trabalho forte pode contribuir para o aquecimento da economia, gerando desafios no controle da inflação, especialmente no setor de serviços. Como tal, o início de um ciclo de redução de juros poderá ser adiado para março de 2026, com projeções de juros a 13% ao final daquele ano, em comparação com previsões de cortes já em janeiro por outros analistas.



