O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, realiza hoje uma reunião em Washington com o secretário de Estado americano, Marco Rubio. O encontro visa preparar a agenda para o próximo encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump. O governo brasileiro espera que, com a retomada do diálogo, a Casa Branca tome medidas concretas para encerrar a crise diplomática, incluindo a suspensão de tarifas sobre produtos brasileiros e a revogação de sanções contra cidadãos do Brasil.
A discussão tem como foco não apenas declarações simbólicas, mas a implementação de ações efetivas. Entre os assuntos prioritários estão a suspensão da tarifa de 50% imposta sobre as exportações brasileiras e o fim das sanções a autoridades nacionais, incluindo ministros do Supremo Tribunal Federal.
Esta será a segunda vez que Vieira se encontra com Rubio em 2023. Na primeira reunião, ocorrida em julho, Trump anunciou a sobretaxa sobre os produtos brasileiros, associando a negociação comercial à necessidade de arquivar o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
A resposta do governo Lula enfatiza que a soberania nacional deve ser respeitada e que os Poderes no Brasil são independentes. Desde o anúncio da tarifa, os Estados Unidos também iniciaram uma investigação sobre supostas práticas de comércio desleal que possam resultar em novas sanções ao Brasil.
O foco do governo americano inclui questões como desmatamento, corrupção, tarifas de importação, uso do sistema de pagamentos Pix e a venda de produtos falsificados em áreas como a Rua 25 de Março, em São Paulo.
Na semana passada, Vieira e Rubio tiveram uma conversa telefônica de 15 minutos. O chanceler aceitou o convite do secretário americano para este encontro em Washington. Em nota, o Itamaraty declarou que o objetivo é “dar seguimento ao tratamento das questões econômico-comerciais entre os dois países, conforme definido pelos presidentes”.
Marco Rubio, conhecido por suas críticas ao governo Lula e ao Judiciário brasileiro, foi indicado como interlocutor da Casa Branca nas negociações com o Brasil após uma conversa telefônica de 30 minutos entre Lula e Trump.
Nos bastidores, enquanto o Brasil busca reduzir barreiras comerciais e fortalecer suas cadeias produtivas, os Estados Unidos exigem acesso a minerais estratégicos, regras mais flexíveis para grandes plataformas digitais e um alinhamento geopolítico.
Na quarta-feira, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, confirmou que os Estados Unidos expressaram interesse em discutir lítio, níquel e terras raras, destacando a importância de um fornecimento estável desses insumos. No âmbito digital, o Brasil procura equilibrar o investimento com a soberania dos dados, enquanto os Estados Unidos pressionam por um marco regulatório favorável às suas empresas. Para os brasileiros, a prioridade é a previsibilidade e o acesso a mercados, enquanto para os americanos, a busca é por influência estratégica e garantias de alinhamento do Brasil no cenário global.