O Comitê de Política Monetária (Copom) divulgou hoje a ata de sua última reunião, ocorrida em 8 de maio, revelando uma divisão na diretoria do Banco Central sobre o ritmo de redução da taxa de juros, gerando instabilidade no mercado financeiro.
Na ocasião, o Copom optou por diminuir o ritmo de corte da taxa Selic em 0,25 ponto percentual, de 10,75% para 10,50% ao ano.
Apesar da dissidência interna, o Copom concluiu que o cenário para inflação nos próximos anos se tornou “mais desafiador, com o aumento das projeções de inflação de médio prazo, mesmo condicionadas a uma taxa de juros mais elevada”.
Entenda o ocorrido:
Quatro diretores indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defenderam um corte mais acentuado nos juros, de 0,5 ponto percentual, para 10,25% ao ano, mas foram derrotados. Quatro diretores mais antigos e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, optaram por uma redução menor na taxa Selic. Essa divisão teve um efeito negativo no mercado financeiro no dia seguinte, com queda na bolsa de valores, enquanto o dólar e os juros futuros avançaram.
Houve um receio no mercado de que a diretoria do BC indicada pelo presidente Lula, que terá maioria no Copom a partir de 2026, possa ser mais leniente com a inflação, visando estimular o crescimento econômico.
Os argumentos dos diretores que buscavam um corte maior nos juros incluíam o aumento das incertezas internas e externas na economia brasileira, bem como a mudança de cenário em relação à expectativa de redução da taxa Selic.
Por outro lado, os diretores que preferiram um corte menor destacaram a “desancoragem adicional” das expectativas de inflação, a elevação das projeções de inflação e um cenário internacional mais adverso.
O Copom também ressaltou a importância de uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida pública, além da necessidade de reduzir as expectativas de inflação para 2024 e 2025.