Um novo estudo realizado com o espectrógrafo UVES do Telescópio Europeu Muito Grande, no Chile, trouxe dados sobre a quantidade inesperada de níquel e ferro no gás que envolve o objeto interestelar 3I/ATLAS. A presença desses elementos é surpreendente, pois as condições de temperatura em cometas geralmente são muito baixas para permitir que minérios que contenham esses metais se desprendam.
A detecção de níquel e ferro já havia sido observada no cometa 2I/Borisov, mas com uma proporção semelhante à encontrada nos cometas do Sistema Solar. Em contraste, a proporção média dos cometas é significativamente maior do que a proporção de níquel para ferro encontrada no sol.
As novas informações sobre 3I/ATLAS foram coletadas em seis períodos diferentes enquanto o objeto se deslocava a distâncias que variavam de 3,14 a 2,14 vezes a distância da Terra ao Sol. O níquel foi detectado em todos os períodos de observação, enquanto o ferro só foi encontrado em distâncias menores que 2,64 unidades astronômicas. Isso indica que 3I/ATLAS tem uma elevada taxa de produção de átomos de níquel, bem como uma razão alta entre níquel e ferro, o que o torna único quando comparado a outros cometas conhecidos.
Os autores do estudo destacam que, nas distâncias em que os cometas são observados, a temperatura deveria ser muito baixa para vaporizar materiais como silicatos e sulfetos que contêm níquel e ferro. Portanto, a presença desses metais na atmosfera de 3I/ATLAS é bastante intrigante e sugere que o cometa apresenta propriedades excepcionais logo nas fases iniciais de atividade.
Nos próximos dias, espera-se aprender mais sobre 3I/ATLAS. Entre 1 e 7 de outubro de 2025, as sondas Mars Reconnaissance Orbiter da NASA e Mars Express e ExoMars da ESA irão observar o cometa quando ele passar a cerca de 29 milhões de quilômetros de Marte.
A imagem de maior resolução até agora foi capturada pelo Telescópio Espacial Hubble em 21 de julho de 2025, quando o 3I/ATLAS estava a 570 milhões de quilômetros de distância. Isso é 20 vezes mais longe do que o ponto mais próximo do cometa em relação a Marte. Com isso, a câmera HiRISE da Mars Reconnaissance Orbiter deverá gerar imagens de alta resolução, permitindo estimar o diâmetro de 3I/ATLAS, que foi calculado em mais de 5 quilômetros, o que é maior do que o primeiro objeto interestelar reconhecido, chamado 1I/`Oumuamua.
O interesse no 3I/ATLAS continua a crescer, e a comunidade científica está ansiosa para entender melhor as propriedades deste cometa, cujas características podem desafiar o que já sabemos sobre objetos desse tipo no espaço.