As ações da Raízen (RAIZ4) alcançaram na última quinta-feira, 9 de novembro, o seu menor preço histórico. Após uma acentuada queda nas transações de terça-feira, a companhia enfrentou uma leve recuperação na quarta-feira, mas encerrou o dia com uma desvalorização de 4,35%, cotadas a R$ 0,88. Em um ano, os papéis da empresa acumulam uma perda expressiva de 58,69%.
O desempenho negativo da Raízen é atribuído a diversos fatores, incluindo resultados operacionais abaixo do esperado e um alto nível de endividamento. Segundo Tales Barros, líder de renda variável da W1 Capital, a queda nos preços do açúcar e na margem de lucro do setor agrícola e energético impactaram negativamente a receita da empresa. Este cenário resultou em perda de participação no mercado de distribuição de combustíveis, o que, por sua vez, prejudicou os volumes e margens nessa operação.
A situação da companhia é ainda mais complicada pelo endividamento elevado em um ambiente de taxas de juros que alcançam quase 15% ao ano, os índices máximos dos últimos 20 anos. Barros observa que essa situação, combinada a desinvestimentos que trazem mais incerteza do que alívio financeiro, gera um ambiente de instabilidade, especialmente em meio a preocupações macroeconômicas e a um mercado mais volátil.
Nos últimos meses, a Raízen iniciou um processo de reestruturação, implementando mudanças em sua estrutura de capital e operações. Em 1º de outubro, a empresa anunciou planos de incorporar sua subsidiária com o objetivo de simplificar sua estrutura operacional e concentrar ativos e passivos, visando maior eficiência.
Além disso, em setembro, a Bloomberg reportou que os acionistas controladores da Raízen estão em negociação com a Mitsubishi para a venda de uma participação na empresa como parte de um esforço para captar recursos. Esses diálogos estão ainda em estágios iniciais, e a Mitsubishi está decidindo se apresentará uma proposta pelas ações da Raízen.
Vale destacar que a Raízen é uma joint venture entre a Cosan (CSAN3) e a Shell, e a Cosan busca um investimento de aproximadamente R$ 10 bilhões (cerca de US$ 1,8 bilhão) na Raízen para auxiliar na redução da dívida crescente.
Recentemente, a Raízen reportou um prejuízo líquido de R$ 1,84 bilhão no primeiro trimestre da safra 2025-2026, com a dívida líquida aumentando em relação ao lucro devido à necessidade de contrair empréstimos para substituir contratos com fornecedores. A relação da dívida líquida em relação ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização alcançou 4,5 vezes, conforme informações da XP.