A Companhia Brasileira de Alumínio (CBAV3) busca demonstrar que é viável crescer com foco na sustentabilidade e, ao mesmo tempo, manter resultados financeiros sólidos. Luciano Alves, CEO da empresa, compartilhou os planos da CBA para aumentar sua competitividade e consolidar a posição do alumínio brasileiro como um dos mais sustentáveis no mundo.
Com mais de 20 anos de experiência no Grupo Votorantim e formação em Engenharia, Alves assumiu a liderança da CBA em 2023, após uma década como CFO. Para ele, o segredo de uma liderança eficaz reside nas pessoas.
“Estar rodeado das pessoas adequadas é o mais importante não só para a função de CEO, mas para qualquer executivo, qualquer líder.”
Durante uma conversa moderada por Fernando Ferreira, responsável pelo Research e estrategista-chefe da XP, e Lucas Laghi, que lidera os setores de mineração e siderurgia, o encontro foi parte do programa Expert Talks – Na Mesa com CEOs.
Uma Cadeia Completa e Sustentável
Fundada em 1955, a CBA opera de maneira integrada em toda a cadeia de produção do alumínio, desde a mineração da bauxita até a reciclagem do metal. Todo o processo produtivo é alimentado por energia 100% renovável, proveniente de hidrelétricas de propriedade da empresa. “Estar presente em toda a cadeia proporciona um maior controle operacional”, ressaltou Alves.
O CEO enfatizou a versatilidade do alumínio, um material essencial para diversos setores, incluindo construção civil, indústria automotiva, embalagens e infraestrutura elétrica. “O alumínio está presente em quase todos os aspectos da economia”, acrescentou.
Alves também abordou a importância da reciclagem: “O alumínio é infinitamente reciclável. Não se trata de um metal que se perde”, frisando que cerca de 75% do alumínio produzido globalmente ainda está em uso, de acordo com o International Aluminium Institute.
Desafios Após o IPO e Oportunidades de Mercado
A conversa também abordou a abertura de capital da CBA, ocorrida em 2021, considerada um processo ágil e estratégico. “O primeiro desafio foi educar os investidores locais sobre um setor novo na Bolsa”, relatou Alves.
Desde antes do IPO, a empresa já seguia normas de governança típicas de companhias abertas, apenas precisando adaptá-las à nova realidade. “Foi apenas necessário ajustar a governança que já existia na organização”, explicou.
“Nosso produto emite de três a quatro vezes menos carbono do que a média mundial. Em 2021, esse assunto ainda estava em discussão, mas agora é um tema consolidado”
Pressões Externas e Planos de Crescimento
No segundo trimestre de 2025, a CBA registrou resultados abaixo do esperado, impactados por desafios na produção de alumina e os preços praticados. A empresa também enfrentou os efeitos das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre o alumínio, embora isso tenha ocorrido de forma controlada.
O CEO delineou que o plano de crescimento da CBA é fundamentado em três pilares: aumento da produção de alumínio líquido, expansão da reciclagem e modernização do parque fabril. “Trabalhamos esses três aspectos da melhor maneira, conforme as necessidades do momento”, afirmou.
Com uma das menores pegadas de carbono do setor, a CBA projeta reduzir suas emissões em 40% até 2030. “Queremos ser referência, orientar e engajar nossos públicos e o mercado nessa jornada”, concluiu Alves, mencionando o manifesto ESG da empresa.
Com uma operação integrada, utilização de energia limpa e foco na circularidade, a CBA reafirma sua posição como uma das principais produtoras de alumínio da América Latina, bem como seu compromisso com a transição para uma economia com menor emissão de carbono.