A escalada da violência no Rio de Janeiro gera não apenas repercussões políticas e sociais, mas também um impacto financeiro significativo. A mais recente estimativa aponta que os custos relacionados à violência no estado e no país ultrapassam a marca de R$ 1 trilhão por ano, equivalendo a 11% do PIB. Este montante considera tanto os gastos diretos com segurança pública quanto as perdas econômicas decorrentes da violência.
Os dados são provenientes do Atlas da Violência, um estudo realizado anualmente pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em conjunto com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). De acordo com as informações, os homicídios sozinhos custam anualmente mais de R$ 46 bilhões aos cofres públicos.
Em 2023, a taxa de homicídios no Brasil recuou para 21,2 por 100 mil habitantes, refletindo uma diminuição de 2,3% em comparação a 2022, com um total de 45.747 homicídios, a menor taxa registrada em 11 anos. No entanto, a violência no Rio de Janeiro apresenta perdas ainda mais agudas. Um estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC) estimou um custo de até R$ 11,48 bilhões por ano devido à violência, representando cerca de 0,9% do PIB estadual.
As metodologias de cálculo, entretanto, variam. Há aqueles que abordam apenas os custos diretos, enquanto outros tentam estimar perdas indiretas, que abrangem impactos na economia, como o turismo e a produtividade.
Estudo do BID
No final de 2022, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) divulgou o relatório “Os Custos do Crime e da Violência: Expansão e Atualização das Estimativas para a América Latina e o Caribe”, que revelou que os gastos diretos relacionados ao crime atingiram 3,44% do PIB da região, mantendo-se estáveis em comparação aos estudos anteriores.
Para a América Latina, o custo do crime equivale a 78% do orçamento público destinado à educação e é 12 vezes superior ao orçamento para pesquisa e desenvolvimento. Em relação ao Brasil, esses gastos aumentaram de 3,65% do PIB em 2014 para 3,92% em 2022.
Os custos diretos incluem perdas de capital humano devido a homicídios, despesas para a prevenção de crimes e gastos públicos em resposta aos mesmos. Por outro lado, os custos indiretos abrangem efeitos negativos sobre a atividade turística e a produtividade das empresas.
O relatório do BID ainda compara os custos do crime na América Latina com os de seis países europeus – Polônia, Irlanda, República Tcheca, Portugal, Países Baixos e Suécia – onde os gastos médios são de apenas 2% do PIB, o que representa uma redução de 42% em relação à média da América Latina. A diminuição dos custos do crime a esses níveis poderia permitir à região investir quase 1% do PIB em programas sociais.
O estudo oferece diretrizes para políticas públicas, como o fortalecimento das instituições públicas, eficiência nos gastos, intervenções baseadas em evidências e a melhoria dos sistemas de justiça. O BID também destaca a importância de aprimorar a coleta de dados e a pesquisa para compreender melhor o fenômeno da violência e suas causas.



