Jensen Huang, CEO da Nvidia, anunciou em outubro que a empresa possui 500 bilhões de dólares em pedidos para seus chips, que são essenciais no crescimento da inteligência artificial para os anos de 2025 e 2026. Este valor impressionante reflete a confiança da Nvidia em manter um crescimento forte, embora em um ritmo mais lento, em seu próximo ciclo de produtos.
Huang revelou essas informações durante a conferência GTC, realizada em Washington. Ele destacou que esta quantia representa os negócios já contratados, que incluem receitas projetadas de vendas dos chips Blackwell, atualmente em uso, bem como dos novos chips Rubin que serão lançados no próximo ano e outros componentes como equipamentos de rede. Após analisar essas informações, os analistas entenderam que as projeções de receita para 2026 poderiam ser significativamente maiores do que o previsto anteriormente pelo mercado.
Um analista da Wolfe Research, Chris Caso, estimou que, com base nas informações de Huang, as vendas no setor de data center poderiam alcançar 60 bilhões de dólares a mais do que o esperado para 2026. Apesar de um bom desempenho no passado, as ações da Nvidia estão atualmente sendo negociadas cerca de 5% abaixo do patamar registrado quando Huang fez o anúncio.
Esse fato reflete a incerteza entre investidores sobre a viabilidade do crescimento contínuo na inteligência artificial e se as grandes empresas de tecnologia, conhecidas como hyperscalers, estão gastando em excesso na infraestrutura necessária. No próximo relatório de resultados do terceiro trimestre, que será divulgado na quarta-feira, os analistas esperam que a Nvidia tenha um lucro de 1,25 dólar por ação, com vendas de quase 55 bilhões de dólares, o que representaria um crescimento de 56% em relação ao ano anterior. Para o primeiro trimestre de janeiro, a expectativa é de um crescimento contínuo, com previsão de 61,44 bilhões de dólares em vendas.
Durante a conferência em Washington, Huang afirmou que a empresa tem “visibilidade” em relação a essas receitas. Isso não é surpreendente, pois a Nvidia conta com uma vasta lista de clientes, incluindo grandes nomes do setor de tecnologia, como Google, Amazon, Microsoft e Meta. Essas empresas têm aumentado seus gastos com infraestrutura de inteligência artificial, o que impulsiona diretamente a demanda pelos chips da Nvidia.
Os analistas também notaram que a Nvidia tem se mostrado ativa em aquisições e parcerias nos últimos meses. A maior delas foi um compromisso de investimento de até 10 bilhões de dólares na OpenAI, em troca da venda de milhões de GPUs para a startup de inteligência artificial. Além disso, a empresa anunciou um investimento de 5 bilhões de dólares na Intel, com o objetivo de aprimorar a colaboração entre os chips de ambas as companhias. Em outra iniciativa, a Nvidia se comprometeu a investir 1 bilhão de dólares na Nokia para integrar suas GPUs nas redes celulares da empresa.
O analista da Citi, Atif Malik, observou que a parceria com a OpenAI será um ponto focal para investidores em breve. O sentimento entre os especialistas sugere que a Nvidia, que domina mais de 90% do mercado de GPUs para inteligência artificial, precisa estar atenta ao crescimento da concorrência, já que algumas empresas, como Amazon e Google, estão desenvolvendo suas próprias soluções em chips.
Recentemente, a questão sobre as vendas da Nvidia na China também tem sido um tema delicado. O modelo de chip voltado para essa região, conhecido como H20, enfrentou restrições de exportação. No entanto, um acordo com o governo anterior dos EUA permitiu que a Nvidia solicitasse licenças de exportação mediante um acordo em que parte das vendas feitas na China seriam direcionadas ao governo. Apesar disso, as declarações de representantes da Nvidia indicam um panorama desanimador em relação a vendas significativas para o mercado chinês, o que preocupa analistas sobre possíveis perdas de receita em um mercado que poderia significar mais de 50 bilhões de dólares por ano para a empresa.



