Os juros reais dos títulos públicos brasileiros permanecem próximos das máximas históricas de 2025, mesmo após a melhora do clima nos mercados globais nesta quarta-feira, 15 de novembro. A taxa do Tesouro IPCA+ 2029 foi registrada em 8,06% ao ano no final da manhã, ligeiramente abaixo do recorde anual de 8,09% alcançado no dia anterior.
Esta situação reflete a cautela dos investidores em relação à situação fiscal do país, especialmente após a impasse relacionado ao Orçamento de 2026 e a perda de arrecadação gerada pela revogação da Medida Provisória 1.303, que visava aumentar a receita tributária sobre aplicações financeiras.
Ainda que a aversão ao risco global tenha diminuído – impulsionada por declarações mais suaves do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e pela valorização das bolsas americanas – os investidores brasileiros continuam a exigir um maior prêmio para manter títulos indexados à inflação.
“Os investidores estão atentos às perspectivas de redução de juros no Brasil e no exterior, além de acompanhar de perto os avanços na política fiscal”, comentou Fabricio Voigt, economista da Aware Investments.
Na manhã de hoje, o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), anunciou que a votação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) foi adiada para a próxima terça-feira, 21 de novembro. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esteve em reunião com Randolfe e o senador Davi Alcolumbre (União-AP) para discutir alternativas diante da arrecadação perdida com a revogação da MP.
Haddad reiterou que, sem as receitas provenientes da medida, será crucial revisar os orçamentos de 2025 e 2026.
No cenário externo, o dia foi marcado por uma recuperação dos mercados financeiros. As bolsas de Nova York apresentavam ganhos, após resultados positivos de bancos e fabricantes de chips, com o S&P 500 avançando cerca de 1%. Os comentários de Powell, considerados dovish, também foram favoráveis ao otimismo, resultando em uma desvalorização do dólar, que caiu 0,42%, cotado a R$ 5,44.
No Brasil, o índice Ibovespa subiu 0,65%, alcançando 142.604 pontos, impulsionado pelo ambiente positivo no exterior. Entretanto, o mercado de renda fixa se mantém focado na situação fiscal local.
Confira as taxas do Tesouro Direto atualizadas nesta quarta-feira, às 11h55:
| Título | Rendimento Anual | Vencimento |
|---|---|---|
| Tesouro Selic 2028 | SELIC + 0,0491% | 01/03/2028 |
| Tesouro Selic 2031 | SELIC + 0,104% | 01/03/2031 |
| Tesouro Prefixado 2028 | 13,34% | 01/01/2028 |
| Tesouro Prefixado 2032 | 13,80% | 01/01/2032 |
| Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2035 | 13,89% | 01/01/2035 |
| Tesouro IPCA+ 2029 | IPCA + 8,06% | 15/05/2029 |
| Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2035 | IPCA + 7,71% | 15/05/2035 |
| Tesouro IPCA+ 2040 | IPCA + 7,38% | 15/08/2040 |
| Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2045 | IPCA + 7,42% | 15/05/2045 |
| Tesouro IPCA+ 2050 | IPCA + 7,11% | 15/08/2050 |
| Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2060 | IPCA + 7,32% | 15/08/2060 |
Fonte: Tesouro Direto
