A interpretação ampla do poder executivo pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continua a impactar de maneira significativa os gastos federais, especialmente em meio a um fechamento do governo. Recentemente, a administração Trump intensificou os ataques a supostas embarcações envolvidas no tráfico de drogas. Além disso, a administração começou a pagar alguns funcionários federais, desviado fundos sem a autorização do Congresso, que é uma das principais funções dessa instituição.
Esse cenário levanta questões sobre o papel do Congresso, até mesmo entre alguns membros do Partido Republicano. Com o princípio da divisão de poderes, espera-se que o Congresso participe ativamente em decisões como o uso da força militar e tenha controle total sobre como o governo gasta o dinheiro, conforme estipulado na Constituição. No entanto, a administração de Trump tem realizado ataques a esses barcos no Caribe e emitido salários, mesmo durante momentos de shutdown, onde os funcionários não deveriam receber.
Quando consultado sobre a situação atual do Congresso, o professor Stephen Vladeck, da Universidade Georgetown, descreveu como uma “colapso radical do poder congressional”. Por outro lado, muitos líderes republicanos defendem as ações do presidente. O líder da maioria no Senado, John Thune, por exemplo, comentou que, apesar de o Congresso ter o poder de aprovar os gastos, a administração está ajudando a aliviar a situação dos trabalhadores federais durante o shutdown.
O que está ocorrendo agora representa uma mudança notável, com Trump e o diretor do Escritório de Gestão e Orçamento, Russell Vought, assumindo um nível de controle sobre os fundos que não se via antes. Com o fechamento do governo, Vought tem direcionado recursos financeiros que tradicionalmente seriam controlados pelo Congresso. O professor Josh Chafetz, também da Universidade Georgetown, destacou que o Escritório de Gestão e Orçamento está afirmando que pode gastar dinheiro sem autorização congressual.
No que se refere aos ataques marítimos, um grupo de republicanos expressou preocupações de que tais ações possam infringir leis nacionais e internacionais, já que somente o Congresso tem o poder de declarar guerra. O senador Rand Paul, um dos críticos, argumentou que a abordagem de “atirar primeiro, perguntar depois” estabelece um novo precedente problemático.
Além disso, um funcionário americano, que preferiu permanecer anônimo, revelou que os Estados Unidos realizaram recentemente um ataque a outra embarcação suspeita no Pacífico. Embora a maioria dos líderes republicanos aceite as ações de Trump, há questionamentos sobre se existem forças que podem limitar o seu poder no futuro. Especialistas apontam que já surgiram alguns desafios legais em tribunais federais e que a vontade dos eleitores nas próximas eleições do meio de mandato pode ser um fator decisivo.