O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu pela primeira vez que a defesa aérea de seu país causou danos que levaram à queda de um avião Embraer E-190 da Azerbaijan Airlines, resultando na morte de 38 pessoas durante o Natal do ano passado. Durante uma reunião com o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, em 9 de novembro, Putin se comprometeu a indenizar os familiares das vítimas e o governo do Azerbaijão.
Apesar da admissão de responsabilidade, Putin negou que a aeronave tenha sido atingida diretamente por uma mísseis russos ao se aproximar do pouso em Grozni, na Tchetchênia, vindo de Baku. Ele explicou que dois mísseis foram disparados para interceptar drones ucranianos que estavam atacando a área. Os destroços desses drones acabaram causando danos ao E-190. De acordo com a investigação, três drones cruzaram a fronteira russa no dia do acidente, e os mísseis disparados não atingiram o avião diretamente, mas atingiram alvos a aproximadamente 10 metros da aeronave.
Putin afirmou que o governo russo tomará todas as medidas necessárias para compensar as vítimas e suas famílias, além de realizar uma análise legal sobre o ocorrido. Essa declaração foi feita durante o encontro em Dushanbe, no Tajiquistão, onde os líderes discutiam assuntos entre ex-repúblicas soviéticas.
Anteriormente, especialistas azeris e cazaques já haviam apontado que os danos à aeronave foram causados por baterias antiaéreas. Essa análise foi respaldada por fotos e vídeos feitos por sobreviventes no voo, que relataram um alerta de ataque ucraniano na região no momento do incidente. A admissão de Putin divide a responsabilidade pelo acidente com a Ucrânia, uma vez que o presidente russo havia se desculpado anteriormente sem entrar em detalhes.
Putin também informou que a aeronave danificada foi orientada a pousar no Daguestão, mas o piloto decidiu tentar aterrissar no Cazaquistão, onde acabou caindo. Destes 38 passageiros, 29 conseguiram sobreviver.
Essa declaração e o pedido de desculpas de Putin ocorrem em um momento em que as relações entre a Rússia e o Azerbaijão se tornaram tensas. O Azerbaijão é um importante produtor de gás e petróleo e tem se aproximado ainda mais da Turquia, que tem ocupado um papel de destaque na região do Cáucaso. Nos conflitos de 2020 e 2023, a Turquia apoiou o Azerbaijão em disputas que resultaram na conquista de Nagorno-Karabakh, uma região que era mantida sob controle armênio com o apoio russo.
Além disso, as relações da Rússia com a Armênia também estão abaladas, especialmente devido ao foco do Kremlin na Guerra da Ucrânia e a desavenças com o atual governo armênio, que abriga uma importante base militar russa.
Historicamente, a paz entre armênios e azeris foi estabelecida não em Moscou, mas em Washington, com a mediação do ex-presidente Donald Trump. Putin agora busca restaurar os laços com o Azerbaijão, que se deterioraram e pretende reverter essa situação. No encontro com Aliyev, a interação foi calorosa, sinalizando um possível afrouxamento das críticas recentes do Azerbaijão em relação à Rússia.
Além disso, Putin também está buscando reforçar parcerias com outros líderes da região em um momento em que a influência econômica da China está crescendo nas áreas que tradicionalmente foram consideradas estratégicas para a Rússia.