Os governadores Tarcísio de Freitas, de São Paulo, e Ratinho Jr., do Paraná, estão cautelosos em relação à nova onda de violência no Rio de Janeiro, que culminou em uma operação policial resultando em 121 mortes no Complexo da Penha. Eles são considerados possíveis candidatos à presidência nas eleições do próximo ano e, ao contrário de outros governadores, têm adotado uma postura mais reservada diante da crise.
Enquanto isso, os governadores Romeu Zema, de Minas Gerais, e Ronaldo Caiado, de Goiás, se manifestaram rapidamente em apoio à ação do governador fluminense, Cláudio Castro. Tarcísio expressou suas condolências a Castro apenas publicamente na noite de quarta-feira, enquanto Ratinho optou por um contato mais pessoal e reservado, não se pronunciando nas redes sociais.
Ratinho Jr. já se declarou pré-candidato à presidência e é visto como uma opção forte se Tarcísio decidir não concorrer. O governador de São Paulo, por sua vez, tem planos de se reeleger em 2026 e aguarda um apoio claro do ex-presidente Jair Bolsonaro para entrar na disputa presidencial.
Em meio à crise, há uma percepção entre governadores de direita que essa situação pode ser uma chance de se opor ao ex-presidente Lula e às discussões sobre a anistia a Bolsonaro. Durante a quarta-feira, foi notado um aumento no apoio popular a questões relacionadas à segurança pública nas redes sociais.
Na última quinta-feira, os governadores de direita se reuniram no Palácio de Laranjeiras, à frente de um encontro focado em segurança pública. A presença de Ratinho foi incerta; ele decidiu inicialmente não comparecer devido a atrasos em um leilão, mas acabou não participando. Tarcísio, convidado a comparecer a uma reunião presencial também no Rio, decidiu participar apenas de forma virtual, tendo agendado uma cerimônia no Palácio dos Bandeirantes voltada à saúde.
Relatos indicam que Tarcísio recebeu diferentes conselhos sobre como se posicionar em relação à crise no Rio. Alguns de seus assessores sugeriram que ele mostrasse apoio a Castro, dada a relevância do tema para seu eleitorado. Outros recomendaram cautela, considerando que a situação é complicada e poderia mudar com novas informações.
O governador paulista publicou uma declaração extensa em suas redes sociais, na qual se solidariza com as famílias dos policiais mortos e com a população afetada pela violência. Seus aliados afirmam que ele optou por uma declaração mais ponderada, levando em conta todos os aspectos da situação.
Tarcísio já enfrentou críticas no passado por ações da Polícia Militar em São Paulo, especialmente após uma operação que deixou 28 mortos. Na terça-feira, ele participou de uma reunião virtual com governadores de oposição sobre a crise no Rio, enquanto Ratinho se ausentou, justificando sua ausência por compromissos pré-agendados.
A equipe de Ratinho busca construir uma imagem mais moderada, em contraposição a ações polêmicas de Tarcísio, como suas declarações contra o ministro Alexandre de Moraes. O posicionamento mais cauteloso de Ratinho e Tarcísio contrasta com a postura direta dos governadores Zema e Caiado, que se mostram mais agressivos em suas críticas a Lula e nas propostas para a segurança pública.
Zema afirmou que o Rio não pode ser deixado à mercê da violência e defendeu a adoção de medidas drásticas. Caiado, por outro lado, comentou que a operação de Castro representa uma recuperação do Estado democrático de Direito e criticou Lula pela suposta complacência com a criminalidade.
Os governadores presentes na reunião no Rio eram apenas aqueles alinhados à direita, o que gerou críticas sobre a politização do encontro. Tanto apoiadores de Lula quanto de Castro lamentaram essa abordagem, apontando a troca de acusações entre os dois lados.
Castro se queixou da falta de apoio do governo federal, mas posteriormente decidiu recuar e, em uma reunião com membros do governo Lula, anunciou a criação de um gabinete conjunto para lidar com a situação.




