O vice-prefeito de Hortolândia, na região metropolitana de São Paulo, Carlos Augusto César, conhecido como Cafu, foi preso na manhã desta quarta-feira em uma operação da Polícia Federal que investiga fraudes em licitações para a compra de materiais didáticos. A prisão de Cafu é parte da operação denominada Coffee Break, que também abrange investigações em Sumaré, cidade vizinha.
A operação foi realizada com o apoio da Controladoria-Geral da União, a CGU. Além das cidades de Hortolândia e Sumaré, diligências foram feitas em outros municípios de São Paulo, no Paraná e no Distrito Federal. Ao todo, foram expedidos seis mandados de prisão e cumpridos mais de cinquenta mandados de busca e apreensão. Entre os alvos, está Carla Ariane Trindade, ex-nora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Carla, que foi casada com Marcos Cláudio Lula da Silva, é suspeita de facilitar a liberação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, o FNDE, para a empresa Life Educacional, que é a principal investigada pelo caso.
A reportagem tentou entrar em contato com a Life Educacional por meio de telefone, mensagens e e-mail, mas não recebeu retorno. A defesa de Carla Ariane informou que solicitou acesso aos documentos do caso e que só irá se manifestar após ter conhecimento completo da investigação.
Segundo a Polícia Federal, a empresa Life Educacional recebeu contratos que somam milhões de reais em Hortolândia e Sumaré. Em Sumaré, a PF apurou que entre 2021 e 2023, a empresa recebeu cerca de R$ 52 milhões, enquanto em Hortolândia o valor foi de R$ 21 milhões no mesmo período. A Life Registrou uma mudança significativa em seu capital social, que saltou de R$ 300 mil em 2022 para R$ 24 milhões em 2023. No ano passado, o capital chegou a R$ 34 milhões.
Investigadores identificaram que a maioria dos contratos suspeitos diz respeito à compra de livros paradidáticos e ao fornecimento de sistemas de informática para a educação pública. A Life passou a atuar nesse setor em 2022, quando alterou seu objeto social na Junta Comercial do Estado de São Paulo para incluir a edição e venda de livros em grande escala, além do desenvolvimento de sistemas eletrônicos.
Durante as buscas em São Paulo, a PF apreendeu R$ 2,1 milhões em dinheiro. As investigações indicam possíveis crimes contra a administração pública, que incluem fraudes em licitação, corrupção ativa e passiva, superfaturamento e tráfico de influência.


