A cautela será fundamental na economia brasileira em 2026, segundo Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV. Para ele, as expectativas para o próximo ano estão envoltas em incertezas, tanto no Brasil quanto no cenário internacional.
Embora a situação econômica do Brasil apresente sinais positivos, com aumento no emprego e na renda, Padovani alerta para *riscos significativos*. Ele destaca que, em 2023, os Estados Unidos, a principal economia mundial, enfrentaram um nível de instabilidade sem precedentes, o que gera dúvidas sobre o futuro econômico.
Padovani projeta que o crescimento econômico do Brasil deve continuar, mas em um ritmo mais lento, acompanhando a desaceleração observada globalmente.
Fatores como a demanda reduzida da China, a complexa transição energética na Europa e a incerteza em relação ao ciclo de juros nos Estados Unidos podem impactar as exportações brasileiras. Estes elementos também devem resultar em menor atração de investimentos e maior volatilidade na taxa de câmbio, limitando o desempenho da economia local.
No âmbito fiscal, a ascensão da dívida pública e o risco de descumprimento das metas fiscais elevam a percepção de risco, tornando improvável uma queda substancial na taxa Selic. “A expectativa é de que 2026 comece com juros elevados, ao redor de 12%, o que limitará a expansão mais robusta do crédito e afetará setores dependentes de financiamento, como o automotivo”, afirma Padovani.
Além disso, o economista-chefe ressalta a possibilidade de choques externos, como uma correção abrupta nos mercados acionários dos Estados Unidos. Isso poderia impactar o câmbio, reativar pressões inflacionárias e tornar o começo de 2026 menos favorável para o consumo e investimentos.
“Embora não haja sinais claros de crise, o próximo ano deverá ser caracterizado por um crescimento mais lento, juros ainda elevados e um ambiente que exigirá cautela especial de consumidores, empresas e incorporadoras”, conclui Padovani.



