O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), que serve como um indicador prévio do Produto Interno Bruto (PIB), apresenta sinais de um crescimento moderado em sua mais recente avaliação, segundo análises de especialistas. Leonardo Costa, do ASA, destaca que a redução na dinâmica de setores-chave reflete o impacto da atual política monetária.
A economista-chefe do PicPay, Ariane Benedito, observa que o indicador sugere uma desaceleração na economia ao final do terceiro trimestre, sem sustentar a recuperação observada em meses anteriores. Rodolfo Margato, economista da XP, complementa que, em comparação a setembro de 2024, o IBC-Br teve um aumento de 2%, um resultado compatível com as expectativas do mercado. Embora a XP projetasse uma elevação de 2,1%, o consenso estava em 1,9%. Entretanto, Margato afirma que esse dado não deve alterar significativamente as expectativas do mercado ou o cenário econômico de curto prazo.
Uma análise mais profunda revela que o IBC-Br registrou uma contração de 0,9% no terceiro trimestre de 2025 em relação ao período anterior. Esse recuo foi afetado pela diminuição da atividade industrial, que caiu 0,7%, além de impostos, com -0,65%, e serviços, que apresentaram uma leve retração de 0,1%. A única exceção foi o setor agropecuário, que cresceu 1,5% após seis meses consecutivos de queda.
Rafael Perez, economista da Suno Research, atribui o desempenho positivo do agronegócio ao início da safra de verão. Ele ressalta que a indústria é impactada pela atual política monetária, que mantém a taxa básica de juros em 15%, elevando o custo do crédito. Isso, aliado ao arrefecimento da demanda interna e à incerteza no cenário externo, contribui para a desaceleração econômica.
O setor de serviços também dá indícios de um crescimento acomodado, refletindo uma diminuição na intensidade do consumo, especialmente após os efeitos dos precatórios registrados em julho e a alta taxa de endividamento das famílias. Perez alerta que a perda de dinamismo em setores historicamente resilientes pode resultar em uma desaceleração mais acentuada na economia, particularmente no último trimestre do ano.
Na comparação anual, o IBC-Br mostra-se praticamente estável em relação a setembro de 2024, sugerindo uma manutenção do nível de atividade. Benedito destaca que a flutuação observada nos últimos meses reflete a perda de consistência do crescimento econômico. As condições financeiras ainda restritivas e a normalização gradual da demanda também influenciam esse cenário.
Projeções Econômicas
De acordo com o Goldman Sachs, a atividade econômica pode se beneficiar de transferências fiscais para famílias de baixa renda, propensas a gastar, além da expansão da renda disponível. No entanto, a expectativa de crescimento será contrastada por fatores restritivos, como a política monetária apertada e altos níveis de endividamento familiar.
A XP observa que o IBC-Br não impacta diretamente suas previsões de PIB, que preveem um crescimento de 0,2% para o total do terceiro trimestre em comparação com o segundo trimestre. A estimativa de crescimento ao longo de 2024 é de 1,6%, superando a previsão do IBC-Br, que é de 1,1%. Para 2025, a previsão do PIB permanece em 2,1%. O ASA também projeta que o terceiro trimestre encerrará com uma variação de 0,2%, indicando uma desaceleração contínua, enquanto o PicPay mantém sua projeção de 2,2% para o PIB de 2025.



