No terceiro trimestre de 2023, a busca por emprego por um período inferior a um mês caiu 14,2% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior. Esse dado, divulgado na última sexta-feira (14) pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), sugere um mercado de trabalho em desaceleração, mas ainda com sinais de resiliência.
A taxa de desocupação no país foi de 5,6%, a menor desde 2012, quando começou a série histórica. O rendimento médio real, também no terceiro trimestre, alcançou R$ 3.507, um aumento de 4% em relação ao mesmo período de 2022, que registrou R$ 3.373. Este crescimento, ajustado pela inflação, indica que os empregadores têm aumentado salários para atrair e reter talentos.
Janaína Feijó, pesquisadora da área de Economia Aplicada do FGV Ibre, aponta que embora o mercado de trabalho estivesse aquecido em 2024, a elevação da taxa de juros para 15% previa uma desaceleração mais significativa em 2025. Entretanto, os dados atuais não refletem essa expectativa. “Acreditávamos que haveria uma maior estabilidade no crescimento salarial e nas demissões voluntárias. No entanto, o aumento desses pedidos sugere que as pessoas estão encontrando melhores oportunidades”, explicou Feijó.
Taxa de Participação
A taxa de participação na força de trabalho, que indica a proporção de pessoas em idade ativa que estão empregadas ou procurando emprego, se manteve estável em 62,2%. Esta cifra apresenta uma ligeira queda em relação aos 62,4%% do trimestre anterior.
Os dados sobre renda média continuam a mostrar tendência de alta. O rendimento atual é de R$ 3.507, representando um crescimento de 4% em relação ao ano anterior, o que reforça a valorização da mão de obra no mercado.
Taxa de Desemprego
A taxa de desemprego, considerado um dos principais indicadores do mercado de trabalho, permaneceu em 5,6% no terceiro trimestre (julho a setembro), inferior às taxas observadas nos trimestres anteriores. Contudo, comparada ao segundo trimestre deste ano, que registrou 5,8%, essa taxa demonstra uma acomodação.
Feijó ressalta que essa estabilidade pode ser resultado da política monetária, com a taxa de juros elevada reduzindo o dinamismo do mercado. Apesar de estar em um nível mínimo, a taxa de desemprego não indica mais quedas significativas.
Perspectivas para 2026
As projeções para 2025 indicam uma desaceleração da atividade econômica, o que impactará o mercado de trabalho, em função das altas taxas de juros. No entanto, Feijó afirma que esta desaceleração não equivalerá a destruição de empregos. O mercado deverá se manter resiliente.
O futuro em 2026 apresenta incertezas, dependendo fortemente da política monetária e fiscal. A possível redução das taxas de juros poderá beneficiar setores como a construção e a indústria. Contudo, elementos como a possível revogação do tarifaço e a continuidade da injeção de dinheiro na economia, que podem afetar a inflação e as decisões do Banco Central, são fatores críticos a serem monitorados. A persistência das altas taxas de juros já sinaliza uma desaceleração da atividade econômica para 2026.



