O cometa 3I/Atlas, atualmente, não é facilmente visível da Terra, pois está localizado do outro lado do Sistema Solar. Embora a luz do Sol não bloqueie diretamente sua visão, identificar o cometa em meio ao brilho do dia é extremamente difícil.
No entanto, Marte está na mesma região do Sistema Solar e as naves espaciais que estão orbitando o planeta vermelho conseguiram registrar imagens do cometa. Este é apenas o terceiro cometa interestelar conhecido, ou seja, ele veio de fora do nosso sistema solar.
Na terça-feira, dia 7, a Agência Espacial Europeia (ESA) anunciou que o ExoMars Trace Gas Orbiter capturou imagens do cometa no sábado, dia 4, quando ele se aproximou de Marte. As fotografias mostram o cometa se movendo entre as estrelas distantes, demonstrando uma habilidade notável do equipamento, que foi projetado para observar o próprio Marte.
Desde 2016, o ExoMars Trace Gas Orbiter estuda o planeta vermelho e normalmente direciona sua câmera para a superfície marxtiana, a cerca de 400 quilômetros de altura. O orbitador captura três fotos por segundo com um tempo de exposição de 1,5 milissegundos. Neste caso, a câmera foi ajustada para focar em um ponto a quase 32 milhões de quilômetros de distância, usando exposições de cinco segundos. Esse tempo foi suficiente para registrar a luz necessária sem que o movimento do cometa deixasse a imagem borrada.
O professor Nicolas Thomas, da Universidade de Berna, que lidera a pesquisa, expressou surpresa com a qualidade das imagens obtidas. A câmera também usou filtros de luz vermelha, infravermelha próxima e azul. Esses filtros podem fornecer informações sobre as características do cometa. Por exemplo, se a quantidade de luz azul capturada aumentar em relação à luz vermelha à medida que o cometa se afasta do núcleo, isso pode indicar que as partículas do cometa estão diminuindo de tamanho à medida que o gelo se transforma em vapor, pois partículas menores refletem a luz azul de forma mais eficiente. Se o cometa contiver pouco ou nenhum gelo, as partículas devem manter um tamanho constante.
Os cientistas precisam analisar as imagens detalhadamente para chegar a conclusões precisas. Apesar de as imagens serem claras, os filtros de cor podem dificultar a detecção de um sinal confiável em meio ao ruído dos sensores.
Outra nave da ESA, o Mars Express, que está em órbita de Marte há mais de 20 anos, também tentou registrar o cometa. Porém, sua câmera opera com exposições mais curtas, de meio segundo, e até o momento não conseguiu capturar nada nas imagens tiradas entre os dias 1 e 7 deste mês. Existe a possibilidade de que, ao combinar várias imagens, os cientistas consigam localizar o cometa, mas isso ainda não foi alcançado.
Embora as novas imagens não tenham revelado informações inéditas sobre o cometa 3I/Atlas, elas contribuem para um conjunto de dados que ajudará os cientistas a entender as diferenças entre cometas interestelares e aqueles que orbitam nosso sistema solar. O cientista Colin Wilson, encarregado do projeto Mars Express e Trace Gas Orbiter, mencionou que havia duas perguntas principais que ele e sua equipe desejavam responder: se o cometa estava onde deverá estar e se sua luminosidade estava dentro do esperado. Ambas as respostas foram afirmativas.
Além disso, novas imagens do cometa devem ser recebidas da sonda Mars Reconnaissance Orbiter da NASA, que, segundo Thomas, registrou dados no dia 2 deste mês que parecem promissores.
Amadores que analisaram imagens do rover Perseverance em Marte acreditam ter identificado o rastro do cometa. No entanto, devido ao atual fechamento parcial do governo dos Estados Unidos, que Impacta a NASA, informações oficiais sobre essas descobertas não podem ser divulgadas neste momento. O geólogo planetário Alfred McEwen, que lidera a equipe da câmera no orbitador americano, comentou que a comunicação pela NASA está comprometida devido a esse fechamento.