O tradicional cofre de moedas, símbolo da infância, está sendo gradualmente substituído pela previdência privada para crianças. Este novo formato de investimento promete oferecer um suporte financeiro significativo no futuro, ajudando a custear a educação, a aquisição do primeiro carro ou até mesmo a formação inicial em um empreendimento quando chega a vida adulta.
Com a aproximação do Dia das Crianças, celebrado no próximo domingo (12), especialistas foram consultados para discutir como a previdência privada pode facilitar a acumulação de recursos de maneira programada e disciplinada. Este tipo de investimento não apenas promove um crescimento gradual do montante, mas também oferece benefícios fiscais que potencializam o valor final acumulado.
Sandro Costa, responsável por Produtos da Brasilprev, destaca que, em meio a um cenário econômico instável, há um aumento significativo no planeamento financeiro de longo prazo por parte dos responsáveis. “Observamos um movimento crescente de pais, especialmente os solteiros, em busca de garantir o futuro financeiro de seus filhos”, afirma.
De acordo com dados da Brasilprev, a adesão à previdência privada entre pais solteiros aumentou de 30% para 34% nos últimos anos. E entre os avós, essa participação saltou de 13% para 18% entre 2020 e 2025, refletindo uma nova geração de avós mais ativa e financeiramente estável, que desempenha um papel crucial na segurança financeira das crianças.
Um exemplo desse fenômeno é Marcelo Francisco, de 51 anos, que contratou um plano de previdência para o filho, Antônio. Ele acredita que esse investimento proporcionará liberdade financeira para o jovem quando adulto, seja para estudar, empreender ou planejar a própria aposentadoria.
Educação como Prioridade
Costa aponta que a educação dos filhos se tornou a principal motivação para a adesão a planos de previdência. Ele observa que muitos responsáveis priorizam esses investimentos em detrimento de suas próprias economias. Essa tendência é particularmente pronunciada entre as mulheres, que representam 52% dos contratantes de planos para crianças na empresa.
A evolução nas características dos contratantes também é notável. A faixa etária de 31 a 40 anos apresentou o maior crescimento na adesão, enquanto o número de beneficiários entre 2 a 5 anos subiu de 4,5% para 10% no mesmo período.
No cenário regional, o Sudeste lidera a adesão aos planos de previdência infantil, representando 43% do total. As demais regiões seguem na seguinte ordem: Nordeste (22%), Sul (18%), Centro-Oeste (11%) e Norte (6%). Em termos estaduais, São Paulo se destaca com 24% dos planos, seguido por Minas Gerais (10%), Rio de Janeiro (7%), Paraná (7%) e Bahia (6%).
Funcionamento da Previdência para Crianças
A previdência para crianças pode ser contratada assim que a criança obtém um CPF, o que acontece logo no nascimento. Segundo Henrique Diniz, diretor de produtos de previdência da Icatu Seguros, não há distinção entre a previdência para crianças e adultos. As modalidades de contratação são flexíveis: o titular pode ser o próprio menor ou um responsável pode optar por incluí-lo como beneficiário.
“Na modalidade onde a criança é titular, ela começa a acumular sua própria reserva. Ao atingir a maioridade, poderá decidir entre continuar investindo, resgatar integralmente ou usar parte do montante para algum objetivo específico. Por outro lado, na modalidade onde é beneficiária, o investimento se alinha a um planejamento sucessório, garantindo proteção em caso de falecimento do responsável”, explica Diniz.
Planejamento de Investimentos
Os recursos acumulados na previdência podem ser utilizados para diversos objetivos a médio e longo prazo, como educação, aquisição de bens e suporte em investimentos na carreira. Para determinar quanto investir, os especialistas sugerem um planejamento alinhado aos objetivos financeiros.
Diniz recomenda uma abordagem de “conta reversa” para avaliar a quantia a ser depositada. Costa sugere que, caso o objetivo seja financiar a educação, é importante calcular o custo total do curso ou da instituição desejada, permitindo estimar contribuições mensais necessárias.
Além disso, é consenso que começar a investir o quanto antes maximiza os benefícios dos juros compostos e as vantagens fiscais, como a tabela regressiva e a isenção de IOF. Investir em previdência é também uma oportunidade valiosa para ensinar educação financeira às crianças.
“Quando as crianças veem o crescimento de seu fundo, compreendem o efeito dos juros e como o montante se transforma ao longo do tempo, o que ajuda a desenvolver disciplina e consciência financeira desde cedo”, conclui Diniz.