A manutenção da audiência é um desafio constante para programas de televisão. Mesmo séries de qualidade podem ter dificuldades em conquistar uma base fiel de espectadores. Um exemplo disso é Almost Human, uma série de ficção científica cyberpunk lançada em 2013, que foi produzida por J.J. Abrams e criada por J.H. Wyman, conhecido por seu trabalho em Fringe.
A trama se passa em New Pittsburgh, em 2048, e gira em torno da parceria entre um policial humano, John Kennex, e seu parceiro androide, Dorian, interpretados por Karl Urban e Michael Ealy. Juntos, eles enfrentam uma série de crimes em um mundo repleto de tecnologia avançada. A série tem uma única temporada com 13 episódios, cada um abordando um novo caso. Embora não tenha sido aclamada como um clássico, Almost Human apresenta uma abordagem interessante em seus personagens e na construção do mundo em que se passa.
O estilo da série é notório por suas influências de obras como RoboCop, Blade Runner e Total Recall. Esses elementos são facilmente reconhecíveis, e esse aspecto pode ter dificultado a originalidade do show, fazendo com que parte do público o considerasse uma produção derivativa. Enquanto alguns espectadores viam essas referências como um atrativo, a recepção crítica foi mista, e muitos críticos afirmaram que a série não se destacava em relação a outras do gênero.
Outro fator que pode ter contribuído para a recepção morna de Almost Human foi sua estrutura de “procedural policial”, onde cada episódio seguia um caso específico. Embora esse formato tenha funcionado para outras séries na época, Almost Human parecia repetitivo em um momento em que a televisão estava repleta de dramas procedimentais, tornando mais difícil para o público se engajar plenamente com a narrativa.
J.H. Wyman, o criador da série, manifestou que estava satisfeito com o que conseguiu realizar, mesmo com o cancelamento prematuro do programa. Segundo ele, ficou feliz em ter a liberdade criativa necessária para perseguir sua visão. Ele enfatizou que tinha um plano claro para o desenvolvimento de Almost Human, o que inclui temas complexos e questionamentos sobre a relação entre a humanidade e a tecnologia.
A série explorava temas sombrios, como o uso de robôs sexuais que imitavam a aparência de mulheres em situação de rua, algo que poucos programas de ficção científica se atreveram a abordar. Mesmo assim, Wyman expressou uma visão mais otimista sobre a humanidade em relação ao que muitos dos autores que o influenciaram costumavam representar em suas obras.
Os personagens principais, Kennex e Dorian, formavam uma dupla única que contribuía significativamente para o charme da série. A relação entre eles, marcada por momentos de humor e empatia, era um dos pontos altos da narrativa. Urban e Ealy entregaram atuações marcantes, com Urban trazendo carisma e profundidade ao seu papel, enquanto Ealy capturava a essência de um androide que, embora programado, demonstrava uma compreensão profunda das emoções.
Com a complexidade da construção do mundo e as interações dos personagens, Almost Human deixou uma impressão duradoura, mesmo que sua jornada tenha sido curta. Infelizmente, os fãs da série não tiveram a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento de suas tramas e personagens, mas o legado de seus 13 episódios continua a ser apreciado por aqueles que buscam boa ficção científica.



