A economia da Alemanha apresentou crescimento de 0,2% no primeiro trimestre de 2023, evitando uma recessão técnica, que é definida como dois trimestres consecutivos de contração. Embora os dados preliminares, divulgados pelo escritório de estatísticas nesta quarta-feira, estejam alinhados com as expectativas, a taxa de desemprego alcançou seu maior patamar em uma década, evidenciando os impactos da fraqueza econômica no mercado de trabalho.
No último trimestre de 2022, o Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha havia registrado uma contração de 0,2%, acendendo preocupações sobre a possibilidade de recessão. A Alemanha, até o momento, é o único membro do G7 a não ter conseguido crescer nos últimos dois anos. Além disso, a introdução de novas tarifas pelos Estados Unidos, seu principal parceiro comercial, pode impactar ainda mais a economia alemã, colocando-a em risco de um terceiro ano consecutivo de retração.
A antecipação de compras de bens nos EUA, motivada pelos receios de tarifas mais altas, beneficiou as exportações e a produção industrial da Alemanha no primeiro trimestre, explica Timo Wollmershaeuser, chefe de previsões do Instituto Ifo. No entanto, o recente aumento das tarifas sobre importações da União Europeia, em vigor desde abril, e o risco de novas elevações tarifárias têm exercido pressão sobre a economia alemã.
Em dados divulgados pela Secretaria do Trabalho, o aumento no número de desempregados foi menos significativo do que o esperado em abril, com um crescimento de apenas 4.000, totalizando 2,92 milhões de desempregados, uma cifra que se aproxima da marca de 3 milhões pela primeira vez em uma década. A taxa de desemprego ajustada sazonalmente subiu de 6,2% para 6,3%, o que representa o maior índice desde dezembro de 2015, excluindo os períodos da pandemia.
Marc Schattenberg, economista do Deutsche Bank, destacou que a política tarifária dos Estados Unidos cria um ambiente de incerteza, reduzindo a disposição das empresas em contratar, especialmente nas indústrias voltadas para a exportação. O cenário atual revela um delicado equilíbrio entre crescimento e desafios econômicos que afetam a Alemanha em vários níveis.