Pequim, 3 de dezembro (Reuters) – A China deve manter sua meta de crescimento econômico anual em cerca de 5% para 2026, de acordo com assessores do governo e analistas. Essa meta exigirá a continuidade de políticas fiscais e monetárias expansivas, visando combater um período de deflação.
A manutenção da meta de 5% está alinhada com os esforços de Pequim para iniciar um novo plano quinquenal em um contexto econômico desafiador. O país enfrenta a necessidade de superar os obstáculos causados pela crise imobiliária prolongada, fraca demanda dos consumidores, excesso de capacidade industrial e redução dos investimentos em infraestrutura.
Ainda que os líderes chineses tenham sinalizado um compromisso com o aumento do consumo familiar e a reestruturação econômica, as mudanças podem demandar tempo significativo para refletir em resultados concretos. Por isso, o foco imediato permanece nas medidas de suporte fiscal e monetário.
A maioria dos assessores consultados pela Reuters demonstra apoio a uma meta de crescimento em torno de 5%, embora alguns sugiram uma meta um pouco inferior, variando entre 4,5% e 5%. A meta deve ser confirmada durante a Conferência Anual de Trabalho Econômico Central, programada para este mês, onde serão traçadas as prioridades para o próximo ano.
A definição da meta de crescimento será oficializada apenas na reunião anual do Parlamento em março. Os assessores, que não estão envolvidos na tomada de decisões, participaram da consulta sob anonimato, refletindo o consenso entre os economistas privados. No ano anterior, a reunião de definição de agenda ocorreu nos dias 11 e 12 de dezembro.
Um dos assessores afirmou: “Devemos estabelecer uma meta de cerca de 5% para 2026, o primeiro ano do 15º plano quinquenal. Certamente, haverá desafios para atingir essa meta, mas há espaço para manobra com as políticas fiscal e monetária.”
Há um consenso para que o índice de déficit orçamentário anual se mantenha em aproximadamente 4% ou ligeiramente superior. A China já havia estabelecido um déficit orçamentário recorde de 4% do PIB neste ano para apoiar a meta de crescimento.
Analistas do Citi antecipam que o banco central, que cortou a taxa de juros pela última vez em maio, poderá reiniciar a flexibilização monetária em janeiro de 2026. O período após a Conferência Central de Trabalho Econômico também é visto como propício para novos estímulos ao setor imobiliário.
No que diz respeito às políticas fiscais, a emissão de títulos do governo pode ser antecipada em 2026, visando uma transição gradual de suporte ao consumidor e gastos com bem-estar. Segundo um estudo oficial, a China precisará de um crescimento médio anual de 4,17% na próxima década para dobrar o PIB per capita para US$20.000, em comparação com os níveis de 2020, um marco que sinalizaria a transição do país para um “país moderadamente desenvolvido”.


