O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve enviar suas duas próximas indicações para a diretoria do Banco Central ao Senado apenas em 2024. Essa informação foi confirmada por três fontes que solicitaram anonimato. A reunião de política monetária prevista para janeiro poderá ocorrer com um quórum inédito, contando com sete dos nove membros do colegiado.
Os mandatos dos últimos diretores nomeados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Diogo Guillen, responsável pela Política Econômica, e Renato Gomes, à frente da Organização do Sistema Financeiro, encerram-se no final de dezembro. As novas indicações ainda não foram formalizadas e precisam passar pela aprovação do Senado, onde as relações com o governo estão tensionadas.
Conforme informado, mesmo que Guillen e Gomes possam legalmente permanecer até a posse dos substitutos, há expectativa de que deixem os cargos ao final de seus mandatos. Nessa eventualidade, suas funções seriam temporariamente desempenhadas por outros membros do Comitê de Política Monetária (Copom), todos nomeados por Lula.
Desde 1998, as atas do Copom revelam que não houve reuniões com ausências significativas de diretores. O Banco Central não comentou o assunto, e até o momento, o Ministério da Fazenda e o Palácio do Planalto não se manifestaram.
O mercado financeiro aguarda novas decisões sobre a taxa Selic, atualmente em 15%, o maior nível em quase duas décadas, e mantida inalterada desde junho. As expectativas apontam para a possibilidade de um ciclo de cortes na taxa, com a próxima reunião agendada para 27 e 28 de janeiro. A pesquisa da Reuters com economistas indica que a Selic deve permanecer estável em dezembro.
As indicações presidenciais necessitam ser analisadas pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado antes da votação final. O presidente da CAE, senador Renan Calheiros, declarou que ainda não foi consultado sobre essas indicações. Já o líder do governo no Senado, Jaques Wagner, mencionou que o Executivo está tratando do tema, mas não recebeu informações sobre novos nomes.
O calendário legislativo é apertado, com encerramento previsto para 22 de dezembro. Com a ausência de aprovações até essa data, os novos diretores só poderiam participar da segunda reunião de política monetária de 2026, agendada para 17 e 18 de março, caso consigam a aprovação necessária.
Duas das fontes consultadas indicaram que o governo ainda não definiu os nomes para as novas direções. Uma possibilidade é que Paulo Picchetti, atual diretor de Assuntos Internacionais, assuma a Diretoria de Política Econômica, uma posição considerada estratégica. Picchetti é próximo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e é reconhecido como especialista em inflação.
Para a Diretoria de Organização do Sistema Financeiro, existe a chance de que o governo escolha um quadro de carreira do Banco Central. Nomes cotados incluem Angelo Duarte, chefe de gabinete, Carolina Boher, responsável pelo departamento de Organização do Sistema Financeiro, e Rogério Lucca, secretário-executivo do banco, que é próximo ao presidente do BC, Gabriel Galípolo.
Tanto o Banco Central quanto o governo se abstiveram de comentar sobre possíveis nomeações.



