A expectativa em torno das decisões dos comitês de política monetária do Brasil e dos Estados Unidos sobre a taxa básica de juros será definida nesta quarta-feira, dia 10 de dezembro. Este evento é conhecido no Brasil como “Super Quarta”, devido à coincidência das reuniões dos dois países. Apesar de desafios semelhantes, como o mercado de trabalho e a inflação fora das metas, a situação econômica distinta de cada nação pode levar a decisões divergentes.
Nos Estados Unidos, o mercado aposta em uma probabilidade de 85% de que o Federal Reserve, o banco central americano, irá reduzir a taxa de juros em mais 25 pontos base, ajustando a faixa de 3,75% a 4% para uma nova banda entre 3,5% e 3,75% ao ano. A recente análise de Luís Cesario, economista-chefe da Asset 1, indica que, mesmo com uma pequena maioria a favor do corte, alguns membros do comitê ainda se mostram cautelosos em relação a essa ação.
Por outro lado, no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve manter a taxa Selic em 15%, com expectativas centradas nas comunicações do comitê. Há discussões sobre o possível início de cortes em janeiro de 2026, ou a possibilidade de manter a taxa até março, dependendo das sinalizações econômicas. A análise de Luís Otávio Leal, do G5 Partners, sublinha que o cenário do mercado de trabalho no Brasil apresenta resiliência, em contraste com os EUA, onde os dados indicam um enfraquecimento.
No contexto americano, a divisão dentro do comitê devido a recentes dados econômicos e o impacto do recente shutdown que suspendeu divulgações importantes geram incertezas. Apesar desses desafios, os fatores que sustentam a possibilidade de um corte incluem o risco crescente de deterioração econômica e a data do mercado de trabalho.
No Brasil, a Selic foi mantida em 15% desde julho, com o foco na contenção da inflação e controle da atividade econômica. Dados recentes mostram desaceleração no PIB, que caiu de 1,5% no primeiro trimestre para 0,3% no terceiro, apontando para um mercado de trabalho que, embora aquecido, apresenta o menor número de novas vagas desde 2020.
Os indicadores de inflação também apresentam uma trajetória de queda, apesar de ainda não estarem em conformidade com a meta de 3% para 2025 e 2026. O relatório Focus previu uma inflação de 4,4% em 2025 e 4,16% em 2026.
A comunicação do Copom é vista como um instrumento crucial na política monetária. As declarações precedentes indicaram uma interrupção na alta dos juros, mas a expectativa é que haja ajustes nesta narrativa. As análises sugerem que o Copom poderá enfatizar a necessidade de paciência e que suas decisões devem ser condicionadas à evolução dos dados de atividade e de inflação.
Quanto ao momento do corte, as projeções divergem, mas a Warren aponta para uma redução inicial de 25 bps na reunião de janeiro, com o Itaú concordando com um ciclo de cortes que deve começar em janeiro de 2026, projetando um desaceleramento gradual das taxas ao longo do ano.
Os economistas estão de olho na comunicação do Copom e nas condições do mercado, que continuam a apresentar um comportamento resiliente, mesmo diante de uma taxa de juros atual considerada elevada e acima do nível neutro. A manutenção do foco nas expectativas de inflação será fundamental para as decisões futuras do Banco Central.



