A influência do clima na economia e, consequentemente, nos investimentos é um aspecto muitas vezes subestimado.
O La Niña, fenômeno meteorológico conhecido por suas repercussões globais, está novamente em pauta e levanta questões sobre seu impacto previsto para este ano.
Com base em relatórios recentes, empresas e investidores estão atentos às possíveis consequências do La Niña, especialmente considerando suas últimas ocorrências.
O fenômeno, que tende a trazer chuvas intensas ao Norte e Nordeste do Brasil, enquanto o Sul enfrenta períodos de seca, ainda desperta incertezas sobre sua intensidade.
De acordo com especialistas em meteorologia e economia, a probabilidade de ocorrência do La Niña no trimestre de junho a agosto deste ano é de aproximadamente 60%.
No entanto, a amplitude do fenômeno e suas implicações permanecem em debate, influenciadas por outros padrões climáticos globais.
O professor Pedro Leite da Silva Dias, do IAG/USP, ressalta que fatores como a Oscilação Decadal do Pacífico (PDO) podem moderar os efeitos clássicos do La Niña.
Isso cria um cenário de incerteza sobre os impactos específicos que o fenômeno terá na agricultura brasileira em 2024.
Em 2021, o La Niña afetou severamente a produção de milho e soja no Sul do país, assim como no Uruguai, gerando uma crise hídrica histórica. A possível repetição desse cenário preocupa analistas, que ponderam sobre os efeitos nos preços das commodities agrícolas.
Cesar Castro Alves, do Itaú BBA, destaca que é cedo para prever o impacto exato do La Niña nos preços das commodities, mas alerta para os possíveis efeitos em diversas culturas. Além disso, ressalta a importância das condições climáticas para a pecuária, especialmente em relação à disponibilidade de pastagens.
No entanto, os efeitos do La Niña na economia brasileira devem ser mais evidentes no próximo ano, com possíveis reflexos no PIB e na inflação, principalmente se persistirem por mais tempo. No entanto, as previsões atuais do Itaú-Unibanco para o IPCA em 2024 e 2025 permanecem inalteradas.
Além do Brasil, o La Niña também terá impactos significativos em outros países. A produção de cana de açúcar no Sudeste Asiático e na Índia pode ser beneficiada, enquanto nos Estados Unidos e na Austrália, a baixa na produção agrícola é prevista.
Em relação aos investimentos, empresas como Raízen (RAIZ4) estão entre aquelas que podem sofrer impactos negativos, segundo relatório da XP Research.
No entanto, as previsões e análises sobre o La Niña ainda estão em evolução, e tanto meteorologistas quanto investidores devem acompanhar de perto os desdobramentos desse fenômeno em 2024.